De 18 a 27 de outubro, o 27º Festival Internacional de Dança do Recife promoverá o encontro entre corpos, técnicas, estéticas, provocações e emoções de várias partes do país e do mundo com os palcos, ruas, plateias e aplausos da cidade. A programação, promovida pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, apresentará 27 espetáculos, 11 deles inéditos na capital pernambucana, entre produções locais (16), nacionais (8) e internacionais (3).
Haverá ainda debates, oficinas, exposição e sessão de cine dança. Os ingressos para as sessões serão trocados na bilheteria dos teatros por alimentos não perecíveis. O Festival foi anunciado na tarde dessa segunda-feira (14), em coletiva de imprensa, realizada no Teatro de Santa Isabel. A secretária de Cultura celebrou a importância da programação para o calendário de eventos da cidade.
“É um festival importante, porque celebra a dança do Recife, ao mesmo tempo que coloca a cidade para dialogar com grupos e movimentos do mundo todo, com uma programação diversificada, com atividades espalhadas por vários palcos, e convidando a cidade a dançar. Estamos conseguindo também integrar outras secretarias para promover a solidariedade e a inclusão. Vamos arrecadar alimentos com a Secretaria de Desenvolvimento; teremos o roteiro do Olha! Recife, com o time do Turismo, e ainda estamos fechando uma apresentação no Hospital da Mulher, com a Saúde, dentro do Outubro Rosa”, afirmou a secretária de Cultura do Recife, Milu Megale.
“Recife tem tradição na dança, reunindo diversas companhias e também vários movimentos de origem popular, que se formam e confirmam nas ruas. Esse Festival tem a preocupação de reunir e celebrar tudo isso, para fortalecer e valorizar nossa produção cultural, mas também trazer diversos grupos de fora do estado e até do país para promover essa troca de informações. Tudo isso alcançando não só os palcos, mas também as ruas, numa programação tão democrática quanto rica”, acrescentou o presidente da Fundação de Cultura Cidade do Recife, Marcelo Canuto.
Para tirar o Recife todo para dançar, a programação vai se espalhar por 11 equipamentos culturais e espaços públicos recifenses. Além dos teatros do Parque, de Santa Isabel, Apolo, Hermilo, Luiz Mendonça e do Paço do Frevo, as atividades alcançarão o Parque Dona Lindu, Praça da Várzea e Praça do Arsenal, Avenida Boa Viagem, Rua Duque de Caxias, Campo do Nacional (UR-1 Ibura) e Escola Municipal Professora Almerinda Umbelino de Barros.
Com o tema “Corpos Atemporais”, esta 27ª edição irá reverberar um dos assuntos mais presentes nos palcos da dança do mundo inteiro na atualidade: a longevidade do ritmo, da emoção, da expressividade, do vigor e da poesia, que persistem nos corpos que celebram a passagem do tempo dançando. “Até pouco tempo atrás, os corpos da dança, a partir de uma certa idade, precisavam se retirar dos palcos e ir para os bastidores, mesmo que ainda tivessem muito a dizer. Hoje não! Esses corpos continuam potentes e criativos. E o Festival vai colocar esses corpos em cena, celebrando a diversidade etária, de estilos e estéticas”, diz o curador Dado Sodi.
O tema pautou também a escolha do homenageado desta edição: o Grupo Grial de Dança, criado há 27 anos pela coreógrafa Maria Paula Costa Rêgo, a partir de uma provocação do escritor e dramaturgo Ariano Suasssuna, para pesquisar e criar uma linguagem de dança local e Armorial.
Programação
Com a proposta de trazer para os palcos da cidade temas e tendências que movimentam o mundo, três produções de fora do Brasil compõem a maratona cultural: “Somos Instantes”, uma coprodução do Paraguai com o Brasil, da companhia Perlla Flamenca; “Tango Grafias” e o infantil “Kdeiraz”, também concebidos em cooperação entre o Brasil, Argentina e Portugal, respectivamente. Os espetáculos “Somos Instantes” e “Tango Grafias” foram articulados e serão trazidos numa parceria com a Embaixada da Espanha, o Instituto Cervantes do Recife e a Embaixada da República Argentina no Recife, respectivamente.
O Brasil também estará muito bem representado na grade, por bailarinos e grupos de seis estados: Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Norte e Piauí. Todos inéditos na cidade, os lançamentos nacionais serão: “Ziggy – Tributo a David Bowie”, da Cia. de Dança Cisne Negro (SP); “Eu não sou só eu em mim – Estado da Natureza – Procedimento 01”, do aclamado grupo Cena 11, de Santa Catarina; “Na Medida do Possível”, de Alisson Lima (SP); “Dembwa”, com Ruan Wills e Marcos Ferreira (BA); “Eco, Oco Preso no Peito”, com Maria Emília da Cruz (SP); “Reino dos bichos e dos animais, esse é o meu nome”, do Coletivo CIDA (RN); “Ainda Não”, com Marcelo Evelin (PI); além da performance “Debandada”, do Coletivo Bonde (RJ).
Confirmando e fortalecendo a musculatura da cena da dança recifense, a maior parte das montagens que alcançarão o público são locais, como: a performance “Pequeno Manual de sobrevivência para mães artistas”, de Iara Sales; “Meu osso tá cortando feito faca”, de Gardênia Coleto; “O agora não confabula com a espera”, de Iara Izidoro; “Passo”, da Compassos Cia de Dança; e “Chegança”, um clássico da Cia. Trapiá, que será apresentado numa escola da rede municipal, estreitando os laços da educação com a cultura, para confirmar a produção artística como vocação de todas as gerações do povo recifense e compromisso do poder público municipal com o futuro da cidade.
Do homenageado Grupo Grial, serão apresentados o consagrado “Uma Mulher Vestida de Sol” e o inédito “Terra – Configuração 2”, ambos no primeiro fim de semana, abrindo o variado desfile de temas e comoções que serão coreografadas durante os nove dias de programação.
Primeira Cena
A ação que estreou ano passado, na 26ª edição do Festival de Dança, garantirá palcos, públicos e oportunidades para novos grupos e artistas da cena local. Desta vez, o Primeira Cena, que acontecerá na quinta-feira (24), no Teatro Hermilo Borba Filho, exibirá quatro números de dançarinos estreantes, selecionados entre 29 inscritos: “Caféto”, de Bruna Souza; “Os Atos I, II e II”, do Ballet Nacional de Danças Urbanas (B.N.D.U); “Frevo Mulher”, de Anastácia Xuanke e Alice Lacerda; e “O que tinha de ser”, de Marcos Teófilo.
Work in progress
Uma novidade desta edição será a apresentação de duas sessões de espetáculos no formato work in progress, quando a obra ainda está em fase final de concepção, mas é submetida ao encontro com o público para ser testada e transformada pela reação da plateia.
Os dois representantes do formato serão “Target”, do bailarino recifense Rafael FX, em cartaz no Teatro Hermilo Borba Filho, às 19h da sexta-feira (25), e “Campo Minado”, concebido por Daniel Sembrenome e pelo Grupo Experimental, homenageado da edição passada do Festival. Este último ocupará o Campo do Nacional, na UR-01- Ibura, com direito a debate ao final do espetáculo.
Cine Dança
Além de espalhar movimento pelos palcos, ruas e espaços públicos, o Festival entrará em cartaz também na telona do Teatro do Parque. Na terça-feira (22), haverá uma sessão de Cine Dança, com a apresentação de cinco curtas locais, que misturam dança e audiovisual: “Brincantes das ladeiras”, de Eduardo Santos Nascimento, “Cabocla da Mata”, de Juçara Ribeiro, “Circo em Fervo”, da Cia. Devir, “Dual”, de Anthony Marcos Gomes, e “E no final, quem fica?”, de Samuel Oliveira. Será exibido também o resultado da residência de Criação Fílmica com Dança, facilitada pela artista-docente Daniela Guimarães (BA), realizada na semana anterior ao Festival.
Após a sessão, haverá um debate sobre a interseção entre a dança e a sétima arte, com a participação de Daniela Guimarães, Marcelo Sena e Fernanda Capibaribe, com mediação de Gabi Holanda.
Exposição
Durante a mostra, o Teatro Hermilo Borba Filho receberá a dança-exposição “Pequeno manual de sobrevivência para mães artistas”, da artista Iara Sales. A exposição conta com oito obras, entre vídeos, fotografias e áudios, para trazer à tona a discussão sobre a pesada carga socialmente atribuída às mulheres na sustentação das dinâmicas familiares, que confirmam a coletividade e o futuro.
Ações formativas
Além de fruição, formação. O 27º Festival Internacional de Dança do Recife também se confirmará espaço para a qualificação dos artistas locais. Além da residência já realizada sobre videodança, serão oferecidas duas oficinas gratuitas, com inscrições pelo link https://docs.google.com/forms/d/1qgX7lzQyWPXlHoDHIl73TEo1wRIwY2GThj9Dj6c8uuE/edit. A primeira começa já no primeiro dia do evento, 18 de outubro. Ministrada pela mestra de Capoeira Angola e doutoranda em Danças e Culturas Populares brasileiras pela UFBA Dandara Baldez, “O Corpo na Encantaria das Ruas” vai investigar a relação entre corpo, capoeira, memória e tempo. As aulas serão das 9h30 às 12h30, na Escola de Frevo, na Encruzilhada, até 20 de outubro. O público-alvo são pessoas interessadas em dança e teatro, capoeiristas, pesquisadores das danças de matrizes africanas e danças tradicionais do Nordeste.
A outra opção é a oficina “Substâncias Coreográficas”, com o bailarino, coreógrafo e pesquisador Marcelo Evelin. O formato é de encontro prático, com conteúdo teórico também, a partir das ferramentas de treinamento, práticas performativas e procedimentos físicos e conceituais, utilizados nos processos e criações da Plataforma Demolition Incorporada, comandada pelo criador.
Com um vasto currículo, Marcelo ensina na Escola Superior de Artes de Amsterdam desde 1999 e vem criando projetos com Universidades e cursos de mestrado, entre eles a ISAC (Bruxelas), o Museu Reina Sofia (Madri) e o CND (Paris). As aulas serão de 23 a 25 de outubro, das 9h30 às 12h30, no paço do Frevo. Para mais informações sobre as duas oficinas: [email protected].
As oficinas completam a etapa formativa do Festival, que começou mais cedo este ano, com a realização da residência “Criação Fílmica”, ministrada pela mineira radicada na Bahia Daniela Guimarães, entre os últimos dias 9 e 13, no Centro de Artes e Comunicação Social (CAC), numa parceria entre a Prefeitura do Recife e a Universidade Federal de Pernambuco.
Encerramento
Celebrando a vocação recifense para subverter asfalto em palco, esta 27ª edição do Festival Internacional de Dança terminará com uma edição especial da Batalha da Escadaria, tradicional batalha de MCs, que acontece desde 2008, na Boa Vista, e foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial do Recife. A programação célebre será, excepcionalmente, apresentada na Praça do Arsenal, a partir das 15h do derradeiro domingo (27) dedicado à dança na cidade de tantas vocações artísticas. Em seguida, haverá uma batalha de danças urbanas, que culminará num Baile Charme, para celebrar a cultura, a música e a dança do povo preto, convidando todo mundo a acertar o passo e seguir confirmando a cultura do Recife como pista sempre cheia, de onde ninguém quer sair.
Homenageado
Resultado da busca por uma estética contemporânea do movimento, que reverberasse e continuasse as mais genuínas tradições da cultura popular nordestina, o Grupo Grial surgiu em 1997 para representar e apresentar com o corpo e o movimento a diversidade cultural do nosso povo.
Estabelecendo uma relação estreita entre o erudito e o popular e celebrando visões de mundo herdadas dos povos indígenas, europeus e africanos, o grupo, dirigido e coreografado pela dançarina Maria Paula Costa Rêgo, já montou mais de 14 espetáculos, que circularam por vários estados e festivais brasileiros, tendo alcançado também outros países, como a França, e conquistado diversos prêmios.
Ingresso solidário
A 27ª edição do Festival de Dança do Recife terá ingresso solidário. Ou seja, será possível adquirir seu tíquete doando 1kg de alimento não perecível, que será direcionado a uma das quase 40 instituições sociais que integram o Banco Municipal de Alimentos, um programa de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria Executiva de Assistência Social do Recife. O Banco opera como uma central de arrecadação e distribuição de alimentos desde abril de 2023.
PROGRAMAÇÃO – 27 º Festival Internacional de Dança do Recife
De 18 a 27 de outubro
SEXTA-FEIRA (DIA 18)
Teatro do Parque
19h – Cerimônia de abertura
19h30 – “Uma Mulher Vestida de Sol”, do Grupo Grial de Dança (PE) – com audiodescrição
SÁBADO (DIA 19)
Paço do Frevo
14h – Roda de conversa “O Corpo Negro na Dança Brasileira”, com Mestra Dandara (BA), Jamila Marques (PE), e Gaby Conde (PE). Mediação de Ivana Motta (PE)
Teatro Hermilo
18h – “Somos Instantes”, da Perla Flamenca (Brasil/Paraguai)
Teatro Luiz Mendonça
19h30 – “Ziggy – Tributo a David Bowie”, da Cia. de Dança Cisne Negro (SP)
DOMINGO (DIA 20)
Teatro Apolo
16h – “Tango Grafias”, de Natacha Muriel (Brasil/Argentina)
Teatro Hermilo Borba Filho
17h – Performance “Pequeno Manual de Sobrevivência para Mães Artistas”, com Iara Sales (PE)
17h30 – “Terra – Configuração 2”, do Grupo Grial de Dança (PE)
Teatro do Parque
18h30 – “Eu não sou só eu em mim – Estado de Natureza – Procedimento 01”, do Cena 11 (SC)
TERÇA-FEIRA (22)
Escola Municipal Professora Almerinda Umbelino de Barros
16h – “Chegança”, da Cia. Trapiá (PE) – Programação exclusiva para os alunos
Teatro do Parque
18h30 – “Meu Osso tá Cortando Feito Faca”, de Gardênia Coleto (PE)
19h – Cine Dança + Debate, com Daniela Guimarães (BA), Marcelo Sena (PE) e Fernanda Capibaribe (PE). Mediação de Gabi Holanda (PE)
QUARTA-FEIRA (23)
Rua Duque de Caxias (Santo Antônio)
13h – “Na Medida do Possível”, com Alisson Lima (SP)
Teatro Hermilo Borba Filho
19h – “O Agora não Confabula com a Espera”, de Iara Izidoro (PE)
QUINTA-FEIRA (24)
Teatro Hermilo Borba Filho
19h – Projeto Primeira Cena
“Caféto” de Bruna Souza / “Os Atos I, II e II” do Ballet Nacional de Danças Urbanas (B.N.D.U) / “Frevo Mulher” de Anastácia Xuanke e Alice Lacerda / “O que tinha de ser” de Marcos Teófilo
Teatro Apolo
20h30 – “Dembwa”, com Marcos Ferreira e Ruan Wills (BA) – COM AUDIODESCRIÇÃO
SEXTA-FEIRA (25)
Praça da Várzea
16h – “Passo”, da Compassos Cia de Dança (PE)
Teatro Hermilo Borba Filho
19h – “Target” (Work in Progress), de Rafael FX (PE)
19h30 – “Eco, oco preso no peito”, de Maria Emília da Cruz (SP)
Teatro de Santa Isabel
20h30 – “Reino dos Bichos e dos Animais, esse é o meu nome”, do Coletivo CIDA (RN) – com audiodescrição
SÁBADO (26)
Parque Dona Lindu
16h – “Kdeiraz” (Brasil/Portugal)
Campo do Nacional (UR-1 Ibura)
16h – “Campo Minado” (work in progress), de Daniel Sembrenome e do Grupo Experimental (PE)
Teatro do Parque
20h – “Ainda Não”, de Marcelo Evelin (PI) – com audiodescrição
DOMINGO (27)
Avenida Boa Viagem (Praia do Pina)
12h – “Debandada”, Coletivo Debonde (RJ)
Praça do Arsenal
15h – Batalha da Escadaria + Batalha de Danças Urbanas + Festa Baile Charme