O famoso casarão na frente da Praça Maciel Pinheiro, no bairro da Boa Vista, onde morou Clarice Lispector durante parte de sua infância e adolescência, está na fase inicial do caminho para se transformar em um centro cultural, após tantos anos fechado e constantemente alvo de depredação.
A Fundação Joaquim Nabuco, que conseguiu o recurso para a preservação do patrimônio, entrou com uma proposta de revitalização do imóvel, que pertence à Santa Casa do Recife há mais de 50 anos, para abrir no local um espaço voltado à divulgação e difusão do conhecimento sobre a literatura brasileira e, sobretudo, à preservação da memória de Clarice, reconstituindo a edificação da maneira mais fiel possível ao período em que ela ali morava.
Em 2020, a escritora ucraniana, na ocasião dos 100 anos do seu nascimento, foi homenageada pela Assembleia Legislativa de Pernambuco com o título honorífico post mortem de cidadã pernambucana, também por iniciativa da Fundaj, e, no mesmo ano, foi publicado pela editora Rocco o livro Todas as cartas, que reúne diversas correspondências de arquivos pessoais que Clarice trocou ao longo de sua vida.
Entre as cartas reunidas, chamam a atenção as mensagens trocadas nos últimos anos de vida dela com o então jovem escritor pernambucano Augusto Ferraz, grande admirador que viajou até o Rio de Janeiro em 1974 para conhecê-la pessoalmente após ter feito uma ligação diretamente para a escritora, que, por sua vez, foi receptiva e acolhedora.