Maior emergência do interior do estado e referência nos atendimentos de trauma, o Hospital Regional do Agreste (HRA), localizado em Caruaru, Agreste pernambucano, recebe diariamente vítimas de acidentes de trânsito ocorridos em toda a região.
Em 2023, deram entrada, no HRA, 3852 pessoas acometidas por sinistros de trânsito. Desse total, 3095 estavam em motocicletas. O número representa 75,7% das vítimas, o que acende um alerta sobre os cuidados que devem ser tomados ao conduzir veículos de duas rodas. Os acidentes com motocicletas acometeram 81,6% de homens, que, em 54,5% das situações, tinham idade entre 20 e 39 anos. Em 49,5% dos casos, as vítimas sofreram queda e 48,5% dos acidentes ocorreram aos sábados e domingos.
“Nós vemos com preocupação a discrepância do número entre vítimas de motocicletas e os demais meios de locomoção, isso porque esse tipo de vítima, por estar menos protegida, demanda mais cuidado, mais tempo de recuperação e de afastamento do trabalho e, muitas vezes, fica com sequelas irreversíveis”, analisa a diretora-geral do HRA, Guacyra Pires.
Um número que confirma as informações da diretora pode ser comprovado quando analisamos qual a parte do corpo mais atingida: 78,6% das vítimas têm membros superiores e inferiores afetados, deixando sequelas que lhes impedem de trabalhar por longos períodos.
De acordo com a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), com dados do Ministério da Saúde, entre março de 2020 e julho de 2021 o SUS registrou 308 mil internações de pessoas em decorrência de sinistros de trânsito no Brasil. Só em 2020, o gasto público com internações de motociclistas chegou a 171 milhões de reais em todo o país. E esse número deve ser ainda maior, visto que, em 2020, o Brasil passava pela pandemia do coronavírus.
Dentre os fatores relacionados aos acidentes, a falta de habilitação (62,5%) e de equipamentos de segurança – como capacete (21,85%), o excesso de velocidade (10,6%) e o aumento da frota de motocicletas estão entre as causas de acidentes que, segundo o Ministério da Saúde, matam cerca de 11 mil motociclistas no Brasil anualmente.
“A gente vê que, em alguns casos, os sinistros acontecem por falta de cuidado ou realmente de forma acidental, mas a maioria é por imprudência, ao não respeitar as leis de trânsito. É necessário e urgente uma maior conscientização, pois isso envolve não só suas próprias vidas, mas a de outras pessoas”, finaliza Frank Lima, diretor médico do HRA.
Em segundo lugar, estão vítimas com automóveis. Foram 274 atendimentos ao longo de 2023, o que representa 9% do total. Em seguida, com bicicleta, representando 7,2%, com 177 pessoas registradas. Os dados são do Sistema de Informação sobre Acidentes de Transporte Terrestre (Sinatt).