Se transformar espaços públicos a partir das mais variadas expressões artísticas é a proposta do País das Conexões Urbanas no Festival Pernambuco Meu País, nesse domingo (11), a praça Giácomo Mastroianni e o letreiro de caruaru foram palco, picadeiro e barraca de mamulengo para o público presente.
Inspirado na força do povo nordestino, o Espetáculo: Nordestinados in Circus do Grande Circo Arraial transformou o coreto em picadeiro e levou a alegria das músicas, danças e tradições regionais com elementos típicos do circo. A apresentação mescla brincadeiras dos palhaços Beterraba e Bolacha com malabares, bicicletinha, dança, música e tecido sempre com uma acentuada influência nordestina nos elementos. Funcionou como uma ode à região do País Pernambuco. Crianças, pais, adolescentes e adultos lotaram a plateia do espaço e participaram do espetáculo a partir das brincadeiras dos palhaços. Apesar do tom cômico e bem humorado, a apresentação defende as belezas e os encantos de ser nordestino, os palhaços usam da graça para combater preconceitos e defender a nossa região.
Um dia antes da data do seu aniversário, o Mestre Calú do mamulengo de Vicência aportou no País das Conexões Urbanas, montou sua barraca e encantou crianças de todas as idades que assistiram o Patrimônio Vivo de Pernambuco e o Presépio Mamulengo Flor de Jasmim. Antônio Joaquim de Santana começou a brincar de mamulengo em 1964 a partir de um contato próximo com o brinquedo incentivado por seu pai, o mamulengueiro José Joaquim Santana, o Zé Calú, que fez com que Antônio despertasse, desde a infância, o gosto e o encanto pelo mundo lúdico e alegre dos bonecos de mamulengos.
“Brinquei hoje um dia antes de fazer 79 anos, a minha vida inteira foi no mamulengo e me apresentar em mais uma cidade nesse dia foi muito especial”, disse o mamulengueiro. Mestre Calú iniciou sua trajetória com o mamulengo aos 19 anos de idade e durante as décadas de 1960 a de 1990, Calú se apresentava em diversos engenhos e fazendas da Mata Norte de Pernambuco, onde era contratado e promovia a diversão dos trabalhadores rurais, que hoje em dia são temas da brincadeira.
Já no finalzinho da tarde, e agora no letreiro de Caruaru, encerrando o dia a Batalha da Convenção movimentou as estruturas da cidade com a cultura hip hop jovem de Beberibe, bairro da Zona Norte do Recife. O movimento usa as rimas do rap para tirar a praça histórica do bairro do ostracismo, promover debates sociais importantes e aquecer a economia local do entorno. No País das Conexões Urbanas não foi diferente.
Várias batalhas de rima aconteceram no espaço promovendo essa cultura periférica, sempre a partir da poesia, sem xingamentos ou qualquer menção a violência. Vários jovens de bairros, favelas e altos de Caruaru tomam a praça. Nas rimas, o engajamento social se faz dominante.
O hip hop é instrumento de lazer, educação e consciência social nas periferias e movimentos como a Batalha da Convenção são exemplos da transformação que essa resistência cultural promove nos espaços.