No mês do Outubro Rosa, além da conscientização sobre a prevenção do câncer de mama, um aspecto crucial também deve ser discutido: o impacto dos tratamentos oncológicos na fertilidade feminina. Tratamentos como quimioterapia e radioterapia, fundamentais para combater o câncer, podem comprometer seriamente a função ovariana, reduzindo as chances de gravidez no futuro.
Segundo o embriologista e especialista em reprodução humana Dr. Paulo Matheus, a preservação da fertilidade é uma alternativa que deve ser considerada por mulheres diagnosticadas com câncer de mama. “Tanto a quimioterapia quanto a radioterapia podem causar danos irreversíveis aos ovários, resultando na falência ovariana precoce. A criopreservação de óvulos antes do início do tratamento é uma estratégia eficaz para assegurar que essas mulheres possam tentar engravidar no futuro”, explica o diretor da Donare – Centro de Reprodução Humana.
A criopreservação de óvulos consiste na coleta, congelamento e armazenamento dos óvulos antes dos tratamentos oncológicos. Isso oferece às pacientes a possibilidade de manter suas chances de engravidar após o tratamento contra o câncer. “Esse procedimento garante que a paciente tenha a opção de se tornar mãe mesmo depois da cura, caso os tratamentos comprometam sua função reprodutiva”, reforça Dr. Paulo Matheus.
O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, com exceção do câncer de pele não melanoma. Dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/DATASUS) indicam que, em 2022, houve 77.014 internações por câncer de mama em unidades de saúde públicas e privadas conveniadas ao SUS.
No Nordeste, o cenário é igualmente preocupante. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a taxa de incidência de câncer de mama na região é de 52,2 casos a cada 100 mil mulheres, conforme a publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil. Esse tipo de câncer é o segundo mais comum na região, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma, e é seguido pelo câncer de colo do útero, que afeta principalmente mulheres de áreas com menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Diante do aumento dos diagnósticos de câncer de mama, a preservação da fertilidade ganha ainda mais relevância. Muitas pacientes, ao receberem o diagnóstico, desconhecem a possibilidade de congelar seus óvulos antes do início dos tratamentos. “É essencial que as mulheres sejam informadas sobre essa alternativa o quanto antes, permitindo que tomem decisões informadas sobre seu futuro reprodutivo”, conclui Dr. Paulo Matheus.