A relação entre o Cinema São Luiz e o Festival Janela Internacional de Cinema renderia um filme. Apesar da diferença de idade, é difícil contar a história de um sem falar do outro. Essa relação está eternizada em arquivos de jornais e revistas, cartazes, programas, e na vida de milhares de pessoas que desde 2008 esperam novembro chegar para cruzar o belo foyer do cinema, entrar na ampla sala de cadeiras vermelhas, a tela ladeada por vitrais, e se emocionar com as sessões de longas e curtas-metragens do Festival.
Na sexta-feira, dia 1º, mais um capítulo dessa história começa a ser escrito com a reabertura do Cinema São Luiz, após dois anos fechado, e a abertura do Festival Janela Internacional de Cinema, que em sua 15ª edição celebra o retorno para casa.
O longa-metragem Manas, de Marianna Brennand, foi o escolhido para a sessão de abertura, às 20h, com a presença da diretora e parte do elenco. Manas apresenta a história de Marcielle, vivida pela paraense Jamilli Correa, jovem atriz de 13 anos, vencedora do Prêmio Especial do júri no Festival do Rio, em sua trajetória de tomada de consciência da violência e da falta de direitos onde está inserida, junto com a família. O longa também foi exibido no Festival de Veneza, com premiação de melhor direção para Marianna, e na Mostra São Paulo.
A programação do XV Festival Janela Internacional de Cinema do Recife segue até 8 de novembro, com exibições também no Cinema do Museu, em Casa Forte. No Cinema São Luiz a compra de ingressos será exclusiva pelo Sympla. No Cinema do Museu, só na bilheteria, que abre para a venda uma hora antes. É possível comprar os ingressos para o dia todo. Todos pagam R$ 5,00, mas a entrada para as sessões de Curtas são gratuitas. Sessões com acessibilidade em LSE, Libras e audiodescrição: Manas, Tijolo por Tijolo, Kasa Branca, Seu Cavalcanti e A Transformação de Canuto.
Durante os oito dias serão mais de 100 filmes, entre longas e curtas-metragens, distribuídos em cerca de 55 sessões distribuídas em Clássicos do Janela, Lançamentos Nacionais e Internacionais, Competição de Curtas Nacionais, que está de volta com 22 filmes, Homenagem à cineasta pernambucana Kátia Mesel, com mostra de filmes e masterclasses sobre sua filmografia e uma Mostra de Curtas Estrangeiros exibidos este ano no Festival de Cannes, uma parceria institucional com a Quinzena dos Cineastas.
E na sessão especial de encerramento do Festival, também no São Luiz, no dia 8, às 22h, teremos os quase centenários Revezes (1927), de Chagas Ribeiro, e Retribuição (1925), de Gentil Roiz, com acompanhamento musical da banda Ave Sangria.
Além de Manas, outros longas nacionais de destaque no circuito de festivais em 2024 também contarão com a presença de seus realizadores nas sessões. Filmes como Ainda Estou Aqui (de Walter Salles), Malu (de Pedro Freire), Apocalipse nos Trópicos (de Petra Costa), Centro Ilusão (de Pedro Diógenes), Baby (de Marcelo Caetano) e Kasa Branca (de Luciano Vidigal) serão seguidos de debates com o público.
A mesma dinâmica se estenderá aos títulos pernambucanos, que ocupam um espaço central na programação e celebram, em grande estilo, a reabertura do Cinema São Luiz: Tijolo por Tijolo (de Quentin Delaroche e Victoria Álvares), Seu Cavalcanti (de Leo Lacca), A Transformação de Canuto (de Ernesto de Carvalho e Ariel Kuaray Ortega), Ainda Não é Amanhã (de Milena Times) e Dormir de Olhos Abertos, longa vencedor do prêmio da crítica internacional (Fipresci) em Berlim, filmado no Recife com direção da cineasta alemã Nele Wohlatz, que estará presente na ocasião.
A seleção de longas-metragens internacionais reflete o desejo de apresentar um recorte de títulos fortes, capazes de estabelecer uma conexão direta com o público local e, ao mesmo tempo, manter um diálogo com as produções brasileiras. Na programação, destacam-se desde filmes de realizadores consagrados e já conhecidos no Janela, como Jia Zhangke (Caught by the Tides), Miguel Gomes (Grand Tour), Mati Diop (Dahomey) e Leos Carax (C’est Pas Moi), até apostas em nomes como Hala Elkoussy (East of Noon), Ramon Zürcher (O Pardal na Chaminé), Payal Kapadia (Tudo o que Imaginamos como Luz), Joaquin Cociña e Cristóbal León (Os Hiperbóreos), Nelson Makengo (Rising Up at Night), Apolline Traoré (Sira) e Kamal Aljafari (A Fidai Film).
Esses filmes se destacaram no circuito internacional, com honrarias como Dahomey, que recebeu o Urso de Ouro em Berlim, Grand Tour, premiado com Melhor Direção em Cannes, e Tudo o que Imaginamos como Luz, vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes. Além disso, Ainda estou aqui ganhou na categoria de melhor roteiro em Veneza com o trabalho da dupla Murilo Hauser e Heitor Lorega.
Oficinas – Na parte formativa, o XV Janela Internacional de Cinema do Recife oferece duas oficinas de formação. Janela Crítica, que se propõe a desenvolver entre os participantes o olhar para o cinema por meio da escrita, e depois terão a oportunidade de compor o júri da competição de Curtas. Em outra atividade formativa, Aulas do Janela, os encontros serão pela manhã de 4 a 8 de novembro no hall do Cinema São Luiz, e vai abranger os temas roteiro, vinheta e curadoria.
Curadoria – Nesta edição, a equipe de curadoria é coordenada pelo programador, crítico e pesquisador Pedro Azevedo Moreira, e inclui uma equipe formada pelo realizador e curador recifense Felipe André Silva, a artista transmídia Biarritz, e o roteirista e diretor de cinema carioca Dodô Azevedo. A produção do Festival é de Juliana Soares e Dora Amorim, com direção artística de Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux. Questões globais urgentes e temas emergentes permeiam o processo curatorial, como arquivo e memória, o genocídio em Gaza, colonialidade e a ficcionalização da vida cotidiana.
“Mantemos uma pesquisa constante, acompanhando festivais de diferentes dimensões ao redor do mundo para selecionar filmes que possam dialogar com o público de Recife”, explica Pedro Azevedo. “Filmes como A Fidai Film, de Kamal Alfajari (Palestina), East of Noon, de Hala Elkoussy (Egito), e Dahomey, de Mati Diop (Senegal/França), tratam de questões geopolíticas centrais para o sul global, tanto historicamente quanto na contemporaneidade, enquanto se destacam por suas experimentações formais e narrativas. Esses trabalhos transitam entre o documentário e a ficção, explorando abordagens inovadoras para revisitar a história”, conclui o curador.
O Festival Janela Internacional de Cinema do Recife é realizado pela Cinemascópio, e este ano tem o patrocínio da Lei Paulo Gustavo Recife (LPG – Recife), da Lei Paulo Gustavo Pernambuco (LPG-PE), da Copergás e do Complexo Industrial Portuário de Suape e o apoio cultural da Centro Cultural Brasil Alemanha (CCBA), Embaixada da França no Brasil, Cinemateca da Embaixada da França e Cinémathèque Afrique do Institut Français.
SERVIÇO: XV JANELA INTERNACIONAL DE CINEMA DO RECIFE
Data: 1 a 8 de novembro ABERTURA NA SEXTA-FEIRA, DIA 1º DE NOVEMBRO
Locais: Cinema São Luiz (rua da Aurora, 175 – Boa Vista) e Cinema da Fundação – Sala Museu (avenida 17 de agosto, 2187 – Casa Forte)
Sessões com acessibilidade em LSE, Libras e audiodescrição: Manas, Tijolo por Tijolo, Kasa Branca, Seu Cavalcanti e A Transformação de Canuto.
Ingressos: R$ 5,00 (para o Cinema São Luiz venda exclusiva pelo Sympla. No Cinema do Museu, só na bilheteria, que abre para venda uma hora antes da sessão).
Sessões de Curtas têm entrada GRATUITA
Mais informações: @janeladecinema
Fotocapa: Hannah Carvalho