Sabe aquela dorzinha chata que aparece de repente ou aquela indisposição que insiste em não passar? A tentação de tomar aquele remédio que já temos em casa ou que um amigo indicou é grande, não é mesmo? Mas, antes de se medicar por conta própria, vale a pena pensar: será que essa prática tão comum no dia a dia não esconde alguns perigos? Afinal, o que parece uma solução rápida pode acabar trazendo mais dor de cabeça (às vezes, literalmente) do que alívio.
Não há dúvida de que a automedicação é comum entre os brasileiros. Segundo dados do Conselho Federal de Farmácia, 9 em cada 10 brasileiros recorrem a essa prática de forma corriqueira. As estatísticas mostram ainda que a automedicação é mais frequente em casos de dores de cabeça, gripes, resfriados, febre ou dores musculares. O acesso a informações pela internet também influencia: a maior parte dos entrevistados no estudo admite buscar orientações sobre medicamentos online.
Ir à farmácia e ter o acesso livre a alguns tipos de medicamentos populares não é proibido, desde que haja muita atenção e orientação. “Mas é importante saber se aquele remédio é o adequado ao paciente para que ele possa tomar no horário certo, na dose certa e também na duração correta”, alerta a professora Elizângela Motta, do curso de Farmácia da Estácio.
A principal dica, segundo a professora, é que o profissional farmacêutico disponível seja procurado para orientar. “O indivíduo pode e deve perguntar quais são os riscos daquele medicamento e se existe a possibilidade de levar a um processo de alergia ou outros problemas, por exemplo. Não podemos esquecer que um remédio, sem a orientação correta, pode agir resolvendo um problema mas infelizmente ocasionando outro”, explica a especialista.
Riscos
E os problemas causados pelo uso de remédios sem prescrição médica podem ir muito além de efeitos colaterais simples. Segundo pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), o Brasil registra cerca de 20 mil mortes por ano devido à automedicação. A questão já é considerada um problema de saúde pública pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que também reforça o alerta sobre a importância de contar com a orientação do farmacêutico.
Náuseas, vômitos, diarreias, dores no estômago, queda da pressão arterial ou aumento do nível de açúcar no sangue são alguns dos riscos de se tomar remédios sem prescrição médica. A automedicação, feita sem orientação profissional, também pode causar danos aos órgãos e até gerar dependência ou tolerância aos medicamentos, conforme explica Elizângela.
“Quando a gente recorre à automedicação, quer resolver o problema de maneira imediata, mas pode ser que aquele sintoma precise de um cuidado maior e de um atendimento médico que determine as suas causas. É preciso lembrar também que, se você toma um remédio por conta própria, não tem como saber se ele é realmente o mais adequado para aquela situação”, orienta.
Por isso, entender se o incômodo que você está sentindo é apenas momentâneo ou se precisa de um tratamento mais prolongado é essencial para não terminar piorando o problema em vez de resolver. “O profissional farmacêutico pode investigar isso com você e te orientar a buscar uma consulta médica, principalmente se não se sabe qual a origem daquele problema de saúde”, finaliza a professora.