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Quando amamentar pesa: saúde mental materna no puerpério

  • Saúde

O aleitamento materno é um tema sensível para muitas mulheres que enfrentam dificuldades ou não conseguem amamentar. Isso acontece devido à romantização desse processo, que muitas vezes esconde um cenário silencioso de sobrecarga emocional, solidão, exaustão e até depressão pós-parto.

A amamentação é um processo fisiológico que ocorre após o parto, estimulado pela regulação hormonal. A sucção do bebê envia sinais ao cérebro, que libera prolactina, responsável pela produção do leite, e ocitocina, que promove sua ejeção. Entretanto, amamentar pode causar dor e desconforto, além de problemas como mastite, fissuras nos mamilos e ingurgitamento mamário, afetando também o bem-estar emocional da lactante.

No Brasil, seis em cada dez mulheres que dão à luz enfrentam dificuldades para amamentar, segundo pesquisa divulgada pela Universidade Federal do Maranhão em 2022. Um estudo realizado pela Famivita, empresa especializada em produtos para fertilidade, com mais de 5 mil mães brasileiras em 2021, revelou que 19% das mulheres não conseguiram amamentar seus filhos, e 31% não conseguiram amamentar exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade.

Essa dificuldade no aleitamento está, em sua maioria, relacionada à saúde mental da mãe durante a gestação e o puerpério. Segundo pesquisa da USP de Ribeirão Preto, que acompanhou 186 mães atendidas pelo SUS entre 2018 e 2019, aquelas sem transtornos de ansiedade ou depressão apresentaram níveis maiores de autoeficácia para amamentação.

Dessa forma, entender a saúde mental da mãe durante a amamentação é fundamental para que a lactação aconteça de forma saudável. Carol Costa Júnior, psicólogo da Hapvida, explica que muitas mulheres sentem uma pressão intensa para amamentar, o que pode gerar ansiedade e estresse, principalmente em casos de dificuldade na produção de leite. “É importante salientar que a saúde mental da mãe afeta diretamente o bebê. Uma mãe emocionalmente saudável está mais apta a cuidar do bebê, responder às suas necessidades e criar um ambiente positivo e seguro para o seu desenvolvimento”, afirma Carol.

Além da pressão social, a amamentação exige tempo e energia, podendo causar sobrecarga emocional e cansaço extremo. Em alguns casos, os bebês chegam a mamar até doze vezes por dia. Costa Júnior compartilha algumas dicas que podem ajudar as mães lactantes durante o aleitamento.

“Primeiramente, é importante que haja preparação, as mães podem participar de cursos sobre amamentação e buscar informações de fontes confiáveis. Outro fator essencial é manter o suporte profissional como enfermeiros, pediatras e o próprio obstetra que acompanhou a gestação. Também é fundamental manter os cuidados com a saúde mental, seja com terapias, grupos de apoio ou a própria família”, orienta o especialista.

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