A Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h) Professor Fernando Figueira, em São Lourenço da Mata, Região Metropolitana do Recife, destaca, no Setembro Amarelo, os impactos do uso excessivo das redes sociais na saúde mental de crianças e adolescentes. O alerta é reforçado pelos atendimentos emergenciais e por pesquisas nacionais que evidenciam a necessidade de mais informação e apoio para que as famílias possam orientar seus filhos.
De acordo com a pediatra da UPA São Lourenço, Queila Oliveira, é perceptível o aumento de casos relacionados ao uso excessivo de redes sociais. “E não surgem apenas pelo tempo que passam expostos, mas também pelo conteúdo que estão consumindo. Queixas como ansiedade, tristeza persistente, dificuldade de concentração e alterações no sono estão sendo frequentes na rotina como no pronto atendimento”, explica.
A preocupação também é compartilhada pelas famílias. Segundo pesquisa nacional realizada em 2024 com pais de crianças e adolescentes de até 21 anos, 80,3% afirmaram já ter conversado sobre saúde mental com seus filhos. No entanto, apenas 62% consideram ter informações suficientes para esclarecer dúvidas sobre o tema, evidenciando a dificuldade das famílias em lidar com o assunto de forma mais aprofundada.
Queila orienta cuidadores e professores a ficarem atentos a sinais de alerta como alterações no sono, queda no rendimento escolar, irritabilidade, isolamento social e perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas. “Esses comportamentos podem ocorrer na adolescência, mas quando se intensificam, indicam que o uso da internet ultrapassou o limite saudável”, afirma a pediatra.
Para evitar conflitos em casa e estimular hábitos mais equilibrados, a especialista defende duas estratégias: diálogo e exemplo. “Negociar acordos dentro de limites adequados ajuda a gerar ambientes seguros. Além disso, pais que vivem mergulhados em telas não conseguirão afastar seus filhos desse comportamento”, reforça Queila.
Práticas simples como recolher aparelhos eletrônicos durante as refeições, desligar o celular antes de dormir, incentivar esportes, leitura e jogos offline podem contribuir para a saúde mental de crianças e adolescentes. “O uso consciente da tecnologia é fundamental para que ela seja uma aliada, e não uma ameaça”, reflete.