Você já se perguntou que tipo de estrutura age como amortecedor de nossa coluna? Afinal, no dia a dia, nosso corpo passa por situações de carga que sem essa pequena estrutura seria praticamente impossível fazer alguns movimentos. Pois bem, nossa coluna é composta por vértebras e entre elas, sejam as cervicais, torácicas ou lombares, existem os discos intervertebrais, em formato de anel, que servem para evitar o atrito entre uma vértebra e outra e, eis a principal função, amortecer o impacto. Quando ocorre o desgaste destes discos, que podem acontecer devido ao avanço da idade ou o uso repetitivo, surge a chamada hérnia de disco. Este, digamos, fenômeno ocorre quando parte dos discos saem da posição normal e comprimem as raízes nervosas que passam pela coluna.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), este problema acomete 84% da população mundial, sendo este o maior fator de afastamento do trabalho em pessoas com menos de 45 anos. No Brasil, segundo o IBGE, 5,4 milhões de pessoas sofrem com este problema ortopédico. O ortopedista Thiago Pedro, especialista em coluna do SEOT (Santa Efigênia Ortopedia e Traumatologia) explica quais são os principais sintomas da hérnia de disco: “o mais comum é a dor lombar, que pode vir acompanhada ou não da Ciatalgia, ou dor ciática, uma dor intensa que desce pela perna, como dizem os pacientes, que também relatam como sendo um formigamento, uma dormência ou, de uma maneira muito simples, como se estivesse rasgando por trás da perna”.
Um exemplo do sofrimento pelo qual passa quem tem hérnia de disco é descrito pela dona de casa Maria Valkíria, de Caruaru: “em setembro de 2020, eu comecei com essa crise de coluna e fui socorrida para o hospital. O médico passou uma medicação e logo em seguida solicitou uma ressonância. No exame, o diagnóstico: era hérnia de disco, que já estava comprimindo o nervo ciático e por isso que minha perna doía bastante. Fiz infiltrações, fisioterapia e RPG, mas nada dava resultado. Até que voltei para o médico aos prantos, de cadeira de roda, porque não conseguia andar. Dr. Thiago conversou comigo e me passou uma segurança muito grande para fazer a cirurgia. Passei pelo procedimento e tudo correu perfeitamente. Um dia depois, já estava andando, sem sentir mais nada”.
Entre as causas mais prováveis para o surgimento das hérnias discais estão a predisposição genética, o envelhecimento, a pouca atividade física e o tabagismo. Atividades que exigem carregar ou levantar muito peso também podem favorecer a aparição do problema. O diagnóstico pode ser feito clinicamente, a partir das características dos sintomas e do resultado de um exame neurológico. Também são importantes os exames como o raio-X, tomografia e ressonância magnética, que podem ajudar a determinar o tamanho da lesão e onde exatamente se localiza a lesão. “É muito importante a sensibilidade do profissional para que ele identifique o que está acontecendo, solicite os exames e inicie o tratamento adequado”, afirma Thiago Pedro.
Na grande maioria dos casos, o tratamento conservador, com o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, repouso e sessões de fisioterapia, promove uma melhora dos sintomas considerável. Em geral, em apenas um mês, 90% dos pacientes já estão aptos a voltar às atividades normais. Porém, em casos mais graves, como o de Maria Valkíria, a cirurgia é mais indicada. “Quando o paciente, por exemplo, perde a força no membro, ou seja, ele não tem mais a força no pé, o médico precisa atuar de imediato. Por isso, a intervenção cirúrgica é recomendada. Se bem-sucedida, o paciente já pode ficar em pé no dia seguinte e começar a andar. Este é um aspecto fantástico porque derruba muitos mitos em relação à cirurgia”, acrescenta o especialista.
Dr. Thiago Pedro reforça a importância de se adotar hábitos saudáveis para evitar o risco de adquirir hérnias de disco: “é fundamental a prática regular de atividades físicas, a realização de exercícios de alongamento e de fortalecimento da musculatura abdominal e paravertebral e, claro, manter sempre uma postura corporal correta, principalmente nesse período em que muita gente está trabalhando em casa devido a pandemia do novo coronavírus”. E conclui, indicando outras recomendações: “não se deve esquecer de que uma vida sedentária é responsável não só pela formação de hérnias de disco, mas por muitos outros problemas de saúde e, em caso de surgimento dos sintomas relatados, procurar assistência de um especialista em coluna é de fundamental relevância.