Seguindo com as comemorações pelos 20 anos de trajetória no teatro brasileiro, o grupo Magiluth retorna ao Recife com o espetáculo Édipo REC, após uma intensa circulação por cidades como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), João Pessoa (PB), Joinville (SC) e Porto Alegre (RS). A temporada na cidade natal contará com duas sessões, nos dias 25 e 26 de julho (sexta-feira e sábado), às 20h, no Teatro Luiz Mendonça. Os ingressos estão à venda no site do teatro (o lote promocional já está esgotado), e há também entradas reservadas para políticas afirmativas de democratização do acesso à cultura.
Com direção de Luiz Fernando Marques (Lubi) e dramaturgia de Giordano Castro, a montagem parte do mito de Édipo para investigar como a exposição pública, a edição das narrativas e os sistemas de poder moldam a experiência humana contemporânea. No elenco estão Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres, Mário Sérgio Cabral, Pedro Wagner e Nash Laila. A presença da atriz, que já atuou em parceria com o Magiluth no audiovisual, na série Chão de Estrelas e no filme Tatuagem, realiza um desejo antigo do grupo de também trabalhar com ela no teatro.
A peça articula diferentes tempos e espaços, evocando uma Tebas transfigurada em um Recife-Pompéia, onde realidade e representação se misturam diante de um público que participa ativamente da experiência, dividida em dois atos. No primeiro, os atores estabelecem uma relação direta com a plateia, incorporando recursos visuais, câmeras e códigos da cultura digital para apresentar uma releitura do clássico grego. No segundo, o foco se desloca para a dimensão íntima e trágica da história.
“Esse espetáculo é resultado de uma investigação de vários anos. Partimos da figura de Édipo, mas não para repetir o mito. O que nos interessava era o cruzamento entre essa tragédia e o modo como, hoje, lidamos com exposição, performance e poder. Tudo está sob mediação, tudo pode ser editado. Trabalhamos com a dúvida, com as camadas. É uma peça que se reconfigura a cada apresentação”, afirma Giordano Castro, integrante do Magiluth.
O REC do título faz uma referência direta ao Recife e à nomenclatura do audiovisual que significa “gravando”. A peça explora um imaginário da cidade em 2025 e a logística de gravação presente desde o cinema da Era de Ouro. “Um dos aspectos que nos atrai nas pesquisas do Luiz Fernando Marques é justamente essa ponte com a Sétima Arte”, complementa Giordano.
Sobre o espetáculo
Édipo REC brinca com a cronologia, ou seja, os acontecimentos não seguem uma ordem linear. O grupo também optou por esse caminho para questionar a noção de tempo no teatro: como dimensionar algo que não é palpável?
Tudo começa com a alegria de um reino que vive seu momento de renascimento, marcado pelo exagero e pelo mundo contemporâneo, que produz imagens excessivas — tanto por câmeras de segurança quanto por celulares conectados às redes sociais. Em 2025, alguém, em algum lugar, pode estar gravando.
Em meio a uma tensão sutil e crescente vão surgindo aqueles personagens presentes no imaginário literário: Édipo, Jocasta, Creonte, Tirésias, Corifeu, Coro e Mensageiro. Mas eles não estão sós. Na verdade, estão todos na convivência com outros corpos, de outros tempos, suas sinas e enigmas.
“Há uma dimensão política no modo como esse trabalho se constrói. Não apenas no conteúdo da peça, mas também na forma como nos relacionamos com a cidade, com o espaço do teatro e com o público. Édipo REC propõe uma escuta coletiva. Queremos que a experiência teatral não seja apenas contemplativa, mas ativa, compartilhada. Essa volta ao Recife, depois de temporadas em outras cidades, tem um peso simbólico. É onde tudo começou”, diz Mário Sérgio Cabral, ator e integrante do grupo.



A trilha sonora e visual, com projeções e video mapping, é construída em tempo real. Assim, as imagens projetadas ao longo da encenação tensionam os limites entre o que é representação e o que é documentado. Para isso, dois nomes inspiradores ao Magiluth encorpam o caldeirão de Tebas: a luz é assinada por Jathyles Miranda e o figurino por Chris Garrido.
A trilha sonora e o visual, com projeções e video mapping, são construídos em tempo real. Assim, as imagens projetadas ao longo da encenação tensionam os limites entre o que é representação e o que é documentado. Para isso, dois nomes inspiradores para o Magiluth integram o caldeirão de Tebas: a luz é assinada por Jathyles Miranda e o figurino por Chris Garrido.
MAGILUTH – Fundado em 2004 na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Magiluth é um dos grupos mais relevantes do teatro brasileiro contemporâneo com sua criação colaborativa e mantém um trabalho contínuo de pesquisa e experimentação cênica.
O repertório inclui montagens como Corra (2007), Ato (2009), 1 Torto (2010), O Canto de Gregório (2011), Aquilo que o meu olhar guardou para você (2012), Viúva, porém Honesta (2012), Luiz Lua Gonzaga (2012), O Ano em que Sonhamos Perigosamente (2015), Dinamarca (2017), Apenas o Fim do Mundo (2019), Estudo nº1 – Morte e Vida (2022) e Miró: Estudo nº2 (2023).
Durante a pandemia, o grupo criou três obras pensadas para o ambiente digital: Tudo que Coube numa VHS (vencedor do Prêmio APTR 2021), Todas as Histórias Possíveis e Virá.
Serviço:
ÉDIPO REC – Grupo Magiluth
25 e 26 de julho (sexta-feira e sábado) | 20h
Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu, Recife)
Ingressos: teatroluizmendonca.byinti.com
Meia-entrada: R$ 60
Social: R$ 75
Inteira: R$ 120
Classificação: 16 anos
Mais Informações: @magiluth | @teatroluizmendonca