As comemorações alusivas ao Dia da Consciência Negra, no Museu Comunitário Poço Comprido, zona rural de Vicência, têm início a partir desta terça-feira (16), com encerramento oficial no dia 20. Este ano, a programação traz várias ações culturais, como oficinas, seminários, exibição de filmes, mostra gastronômica e apresentações de grupos de cultura popular.
Desde 2008, o evento é realizado no local. A proposta é enaltecer a história e a produção dos artistas negros da região da Zona da Mata Norte, interior de Pernambuco. Este ano, o evento traz como tema: “Porque a arte nos faz viver e nos enche de esperança” – como forma, também, de celebrar a retomada das atividades culturais do museu, que ficou por quase dois anos sem atendimento ao público por conta da pandemia.
Serão cinco dias de atividades, incluindo a primeira exposição permanente voltada à temática racial, que será instalada no museu, e também circulará por escolas da cidade. Trata-se da mostra “As memórias afro-brasileiras”, que busca retratar fatos vividos pela população negra no século XVI e XIX, na região do Vale do Sirigi, localizadas entre as cidades de Vicência (Mata Norte) e São Vicente Ferrér ( Agreste Setentrional). A iniciativa tem a curadoria dos professores, pesquisadores e produtores culturais, Joana D’ Arc Ribeiro e Uenes Gomes.
Entre as atividades oferecidas estão as oficinas de artesanato da fibra da bananeira, ministrada pelas artesãs do Ponto de Cultura Poço Comprido; e também de dança-afro com o Mestre Meia-Noite. A primeira delas têm como público-alvo os idosos, e estudantes de escolas públicas da localidade.
Na programação, uma diversidade de ritmos, sons, movimentos e artistas locais, regionais e internacional. Entre eles, o Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, Assisão e o Coco Raízes de Arcoverde, de cidades do Sertão pernambucano. Também participar o Maracatu Raízes de Pai Adão, do Recife, entre outros. Há, ainda, apresentação híbrida do grupo africano, Grupo Netos de Bandim da Guiné Bissau, da África, que promete abrilhantar a festividade.
Entre as atividades, também está prevista a realização do Seminário: “Respeito não tem cor, tem consciência”. Encontro terá a participação especial de Vera Baroni, feminista e ativista negra dos direitos humanos. A iniciativa é realizada pela Prefeitura de Vicência, por meio da Secretaria de Assistência Social, com apoio da Associação Filhos de Vicência (AFAV). É necessário realizar inscrição (https://forms.gle/dF89ccmJuxe2EDtV8)
Escolas, instituições sociais, culturais, entre outros, que quiserem aproveitar para conhecer o museu, vão poder contar com visitas guiadas. De terça-feira, 16 até o dia 17, é cobrado uma taxa social, de R$10. Na sexta-feira, 19, a visitação será gratuita. Para agendar, basta entrar em contato com a responsável Joana D’Arc Ribeiro pelo telefone: (81) 9 9798.7117.
Além disso, o evento abre espaço para gastronomia local e regional, com com receitas, pratos e delícias da cozinha afro, de origem da Zona da Mata e região. O cardápio é assinado pela chef e consultora em gastronomia, Andrea Hunka. Produções artesanais, de artistas da cidade e do entorno, vão integrar as atividades culturais, durante os dias da programação, em uma feira de artesanato.
Uma das novidades desta edição da festividade da Celebração da Consciência Negra, é atrair o público interessado em acampar no Museu Poço Comprido. Experiência que une conhecimento, cultura e turismo. Neste caso, é necessário pagar taxa de R$40, que equivale a cinco dias de atividades. Agendamento pode ser feito pelo telefone: (81) 9 9638.2471.
Dia da Consciência Negra – é celebrado em todo o território nacional, dia 20 de novembro. Evento tem como objetivo lembrar às lutas do negro Zumbi dos Palmares, morto por lutar contra a escravidão no Nordeste. A programação tem como proposta refletir sobre a importância dos negros na sociedade, elecando o protagonsimo do povo afro-brasileiros, que ainda tem que conviver com o preconceito e violência racial.
Museu Poço Comprido – é um equipamento cultural oitocentista e remanescente do século XVIII. Desde de 2004, quando foi restaurado, a Associação dos Filhos de Vicência (AFAV) tem feito a gestão do espaço, com articulação de captação de recursos, atuando nas ações de políticas culturais de ocupação cultural do museu. Graças ao empenho da comunidade local e de instituições parceiras, vem conseguindo manter-se conservado, possibilitando a participação popular através das formações e dos eventos de cultura popular, educação patrimonial e cultura negra. O museu também é ponto de cultura, ponto de memória, e tem registro no IBRAM. Em 2004, abriu as portas oficialmente para visitação turística, sendo um dos principais produtos turísticos da região da Mata Norte, divulgando a história da “civilização do açúcar” de forma internacional, onde anualmente recebe cerca de cinco mil visitantes, entre nacionais e internacionais.