Manter as contas em dia é um desafio comum para micro e pequenos empresários, mas a desorganização contábil pode custar muito mais caro do que se imagina. Falhas no controle financeiro são uma das principais causas da mortalidade precoce dos negócios no Brasil, especialmente entre micro e pequenas empresas, que representam 99% dos empreendimentos formais do país, segundo o IBGE. A ausência de um acompanhamento adequado das receitas e despesas, a falta de emissão e armazenamento de notas fiscais e o descuido com obrigações tributárias colocam em risco não apenas a saúde financeira do negócio, mas também a sua continuidade no mercado.
De acordo com dados do Sebrae, cerca de 48% das empresas encerram suas atividades nos primeiros cinco anos de funcionamento, e entre os principais motivos estão justamente falhas administrativas e a ausência de uma gestão contábil eficiente. O contador Paulo de Tarso, da CSMalta Contabilidade, alerta que esse é um problema recorrente e que pode ser evitado com organização. “A contabilidade é a bússola de qualquer negócio. Sem ela, o empreendedor fica perdido, toma decisões sem base em números concretos e corre o risco de se endividar de forma irreversível”, destaca.
Outro ponto crítico, segundo Paulo de Tarso, é que muitos empresários confundem as finanças pessoais com as empresariais, misturando contas e perdendo clareza sobre a real situação da empresa. Essa prática, embora comum, pode inviabilizar o acesso a crédito, gerar inconsistências em declarações fiscais e comprometer a credibilidade junto a fornecedores e clientes. Além disso, atrasos no pagamento de tributos ou falhas no cumprimento de obrigações acessórias podem resultar em multas e juros, que corroem ainda mais o caixa das empresas.
Para evitar esse cenário, a recomendação é adotar práticas simples, mas eficazes, de controle. O uso de softwares de gestão financeira, a disciplina no registro de entradas e saídas, e a conciliação bancária periódica são ferramentas fundamentais para manter a transparência e a organização contábil. Segundo o Sebrae, empresas que investem em gestão e planejamento têm até 70% mais chances de se manterem no mercado em longo prazo. “Quando o empresário entende seus números, ele consegue planejar investimentos, identificar desperdícios e se preparar para momentos de crise. A contabilidade deixa de ser apenas uma obrigação legal e se torna um instrumento estratégico”, reforça Paulo de Tarso.
Nesse sentido, contar com o apoio de um contador experiente é essencial. Mais do que registrar documentos e enviar declarações, o profissional atua como parceiro estratégico do empreendedor, orientando sobre planejamento tributário, aproveitamento de incentivos fiscais e estratégias de crescimento sustentável. A falta desse suporte, explica o contador da CS Malta, pode gerar decisões precipitadas, como contrair empréstimos desnecessários ou aplicar recursos em áreas pouco rentáveis.
Diante desse cenário, a mensagem é clara: a desorganização contábil custa caro, e o preço pode ser a sobrevivência da empresa. Com disciplina, planejamento e apoio especializado, as microempresas têm condições não apenas de superar os desafios do dia a dia, mas também de crescer de forma sólida e sustentável. O investimento em uma contabilidade bem estruturada, portanto, não deve ser visto como um custo, mas como um pilar estratégico para a longevidade e o sucesso do negócio.