Há dez anos, a Organização Internacional do Café (OIC) estabeleceu o dia 14 de abril como a data mundial para celebrar uma das bebidas mais famosas do mundo. O principal objetivo era destacar o papel do café na economia, além de valorizar as diferentes formas de preparo do grão e o trabalho de seus produtores.
No Brasil, o café ocupa a segunda posição em consumo e a primeira em exportação. Além de fazer parte da rotina de muitos brasileiros, a bebida também favorece a saúde em diversos aspectos, como a melhora da performance física e na digestão. De acordo com Mariana Cardoso, nutricionista e professora de nutrição da Estácio, “o café é rico em antioxidantes e compostos bioativos, como a cafeína, que podem trazer benefícios como aumento da atenção, melhora do humor e até proteção contra doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer e Parkinson”.
Segundo a docente, apesar dos benefícios, a bebida deve ser consumida com moderação, pois o excesso pode prejudicar o sono, aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca, além de causar desconforto gastrointestinal. Por isso, existe uma recomendação diária de consumo para evitar prejuízos à saúde, que pode variar de acordo com o perfil de cada pessoa.
“De forma geral, considera-se seguro o consumo de até 400 mg de cafeína por dia para adultos saudáveis — o que equivale a cerca de 3 a 4 xícaras de café coado. Mas esse número pode variar. Pessoas mais sensíveis, com problemas cardíacos, gestantes ou indivíduos com ansiedade podem precisar reduzir esse limite”, explica. A nutricionista também destaca a necessidade de evitar o café — ou optar por versões com menor acidez — em casos de gastrite, além de controlar as doses quando há diagnóstico de hipertensão. Já em casos de ansiedade, é fundamental avaliar o consumo, uma vez que a bebida pode agravar os sintomas.
Uma dúvida recorrente é sobre a melhor forma de consumir a cafeína. Há divergências quanto à adição de açúcar, leite ou adoçante, e Mariana afirma que “o café puro tem os maiores benefícios. Adicionar açúcar em excesso pode anular os efeitos positivos, principalmente para quem tem resistência à insulina ou diabetes”. Ela acrescenta que o uso de adoçantes, com moderação, pode ser uma alternativa para evitar o açúcar. Já o leite, embora ajude a suavizar a acidez, pode interferir na absorção de antioxidantes.
Em contrapartida, para os consumidores de café, o verdadeiro vilão tem sido o preço. Conforme dados recentes, a bebida teve um aumento acumulado de 66%. Por isso, tem sido retirada da lista de compras de muitos brasileiros. Para suprir a ausência do café, a docente sugere alternativas naturais como o chá verde ou guaraná em pó: “Eles oferecem efeitos semelhantes, por também conterem cafeína. Mas vale lembrar que nenhum tem exatamente o mesmo perfil do café, então é mais sobre adaptar o hábito do que encontrar um ‘irmão gêmeo’ para o nosso queridinho de todos os dias”.