Durante o primeiro dia de atividades do London Climate Action Week, iniciado nessa quarta-feira (26), as secretárias de Meio Ambiente de Pernambuco, Ana Luiza Ferreira e Karla Godoy, posicionaram para o restante do mundo as políticas públicas que vêm sendo desenvolvidas em âmbito estadual para atingir as metas climáticas estabelecidas pelo Acordo de Paris. Pernambuco foi o único estado brasileiro convidado a dar seu ponto de vista sobre o que é que o mundo precisa fazer para que a ação climática seja efetiva.
“Justiça climática é a meta de Pernambuco. Estamos em um estado onde precisamos cuidar das pessoas, de seus territórios, garantindo a segurança ambiental econômica das pessoas”, disse a secretária da Semas-PE, Ana Luiza Ferreira, durante sua fala sobre como as ações relacionadas à natureza e ao clima se reforçam mutuamente e o papel das instituições empresariais e financeiras na nova economia regenerativa.
Ana Luiza também destacou como Pernambuco tem atuado junto a atores não estatais na direção de uma economia verde, além dos projetos e soluções baseados na natureza, com foco na adaptação e mitigação climáticas.
“O desafio climático não é só ambiental. É econômico, é político e é social. Porque nós precisamos de um desenvolvimento que seja capaz de reduzir as desigualdades extremas, valorizando o ser humano e os serviços ecossistêmicos. Parece simples mas conciliar esses interesses precisa de muita vontade política e articulação com as instituições financeiras e empresários”, completou Ana Luiza.
Durante sua fala, a secretária de Meio Ambiente de Pernambuco ainda falou sobre a participação do estado e do Nordeste no mercado de energias renováveis no cenário mundial. Ela frisou que no Nordeste vive cerca de 28% da população brasileira, mas representa apenas 14% do PIB do país, sendo uma região historicamente associada à pobreza, à fome e à falta de água.
“Mas isso está mudando. A maioria dos estudos sobre combustíveis verdes mostram o Brasil como o país mais competitivo. Isso se deve à região Nordeste, com os maiores índices de eficiência para geração de energia solar e eólica e produção de hidrogênio verde. E Pernambuco fica bem no centro do Nordeste”, disse.
Outra abordagem do seu discurso foi sobre justiça climática como único caminho possível para alcançar as soluções climáticas. Embora já se saiba que não faz mais sentido a competição entre clima e desenvolvimento, na economia atual ainda compensa o desmatamento. Por isso, Ana Luiza destacou a urgência em se investir em infraestrutura de adaptação e pagamento por serviços ambientais (PSA).
“A justificativa é muito simples. O desmatamento e o uso da terra continuam a ser a maior ameaça ao potencial do Brasil de contribuir para a solução climática. Ao contrário do resto do mundo, nosso maior desafio não é substituir os combustíveis fósseis, já somos gigantes nas energias renováveis, mas a desigualdade é a verdadeira ameaça, porque muitas pessoas não conseguem sobreviver se mantiver a floresta em pé. Nos atuais parâmetros econômicos mundiais, a árvore no chão ainda é mais rentável do que em pé”, detalhou.
A participação no workshop do festival aconteceu durante o primeiro dia de atividades do festival. Além do Workshop Nature Positive for Climate, Ana Luiza e Karla participaram de atividades sobre como a tecnologia pode ajudar governos do mundo todo a superar a crise climática. Esse segundo evento aconteceu no Bentley Offices.