A edição mais recente do Censo, realizada em 2022, apresentou um crescimento de 56% na população idosa brasileira em relação à edição de 2010 do estudo. Esse dado traz uma preocupação no respectivo aumento dos casos de doenças neurodegenerativas, como demência e Alzheimer, que são bem mais comuns em pessoas mais velhas. Consequentemente, o sistema de saúde e as famílias enfrentam novos desafios no cuidado dessas condições e uma rede de suporte se faz importante.
Talitha Oliveira, psicóloga da Hapvida NotreDame Intermédica, explica que a ajuda psicológica ajuda nestes casos. “O cuidado com uma pessoa com demência exige paciência e a criação de um ambiente seguro e estruturado. Adaptar a rotina da casa e oferecer apoio emocional é essencial para minimizar o impacto da doença tanto no paciente quanto nos familiares. Também é muito importante que todos os envolvidos sejam acompanhados psicologicamente, pois é preciso uma preparação para lidar com as mudanças de comportamento, como irritabilidade e perda de memória, de forma empática e acolhedora. Outro aspecto fundamental é envolver o paciente em atividades cognitivas, a exemplo de leitura ou jogos simples, o que pode retardar o avanço da doença e promover uma sensação de utilidade”.
O diagnóstico precoce e a conscientização sobre os sinais iniciais dessas doenças ajudam muito no tratamento. Entre eles, os mais comuns são perda de memória recente, dificuldade para realizar tarefas cotidianas, problemas de comunicação, desorientação no tempo e no espaço e alterações no humor ou personalidade.
Os especialistas de uma equipe de apoio funcionam como uma rede de suporte para os familiares, que muitas vezes são responsáveis pelo cuidado direto, enfrentando desafios emocionais e financeiros. “Cuidar de uma pessoa com esse tipo de doença pode ser exaustivo emocionalmente. Buscar apoio psicológico quando necessário para lidar com o estresse e a sobrecarga emocional é fundamental”, conta Oliveira.
A prevenção também tem ganhado espaço nas discussões sobre saúde mental e envelhecimento. Mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma dieta equilibrada, a prática regular de exercícios físicos e a estimulação cognitiva, têm sido indicadas como medidas que podem ajudar a retardar o aparecimento de doenças degenerativas.
“A alimentação desempenha um papel fundamental na prevenção e no manejo da demência. Incluir alimentos ricos em antioxidantes e gorduras saudáveis na dieta pode proteger o cérebro do declínio cognitivo. Peixes ricos em ômega-3, especialmente salmão e sardinha, auxiliam na preservação da saúde das células cerebrais. Frutas vermelhas, como morango e amora, são excelentes fontes de antioxidantes, que combatem os radicais livres e ajudam a prevenir o envelhecimento precoce celular. Já vegetais de folhas verdes-escuro, como espinafre, brócolis e couve, são ricos em antioxidantes, vitaminas, minerais e fibras que beneficiam o cérebro e o sistema cardiovascular”, orienta Izabele Acioli, nutricionista da Hapvida NotreDame Intermédica.
Se esses fatores ajudam no tratamento e na prevenção, o extremo oposto prejudica. Sedentarismo, dieta desbalanceada e inadequada e comorbidade podem piorar o quadro. “É importante evitar o consumo frequente de alimentos ultraprocessados, como fast food, frituras e produtos ricos em açúcares refinados. Essas comidas aumentam a inflamação no organismo, o que está relacionado ao declínio cognitivo acelerado e a outras complicações mais comuns, principalmente em idosos, como hipertensão, colesterol e diabetes. Substituir as gorduras por opções mais naturais, como nozes e azeite de oliva, pode melhorar o fluxo sanguíneo para o cérebro e preservar suas funções ao longo do tempo”, conclui Acioli.