Universo ancestral em miniatura: o espetáculo “Igbá Itan”, idealizado e interpretado pela atriz e manipuladora Raquel Franco, apresenta histórias da tradição iorubana, como a criação do homem por Nanã, por meio da linguagem do teatro lambe-lambe. A proposta combina teatro de animação e cultura afro-brasileira em uma experiência sensorial que percorre escolas e terreiros de Olinda, a partir desta quinta-feira (13), por meio da Política Nacional Aldir Blanc.
As histórias são apresentadas dentro de uma cabaça, transformando o fruto em um pequeno espaço cênico para sessões intimistas e individuais, para até 20 pessoas. Aqui, o espectador observa as cenas por pequenas aberturas. É assim que “Igbá Itan” cria uma encruzilhada entre o teatro lambe-lambe e as cosmopercepções dos povos tradicionais de matriz africana, trazendo à cena elementos da oralidade, da simbologia e das estéticas do candomblé.
Ao longo das execuções, cada espectador mergulha nas awon itan (“histórias”, em iorubá) de Nanã, Iemanjá, Oxum e Oyá — as iabás, como são chamadas as quatro grandes mães primordiais da tradição iorubana. São narrativas de criação, transformação e cuidado, encenadas com bonecas abayomi, miniaturas e cenários delicadamente animados — uma dramaturgia que desperta o olhar curioso de crianças, jovens e adultos.
“O lambe-lambe é um teatro de encontro. Em Igbá Itan, esse encontro acontece dentro da cabaça, entre os olhos do espectador e as histórias que habitam o tempo ancestral. É um convite para ouvir o que nossos mais velhos sempre souberam: que a vida se refaz a partir da memória e do encantamento”, destaca Raquel Franco, também conhecida como yawó Adefalá.
As histórias encenadas são também inspiradas nas vivências da artista junto à iyalorixá Lu de Yemanjá, ao bàbá Júnior de Odé e aos mais velhos e mais velhas do Ilé Àṣẹ Ọ̀rìṣànlá Tàlàbí — reconhecido Patrimônio Cultural pelo Iphan (2015) e Patrimônio Vivo de Pernambuco (2023), conhecido popularmente como Terreiro Axé Talabi, do município do Paulista —, reafirmando o papel da arte como guardiã e transmissora de saberes.
A iniciativa vai ao encontro da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas, e das metas do Plano Estadual de Cultura, voltadas à valorização das expressões dos povos tradicionais. O projeto é uma realização do Sistema Nacional de Cultura, por meio da Política Nacional Aldir Blanc, Ministério da Cultura e Governo Federal, com apoio da Secretaria de Patrimônio e Cultura da Prefeitura de Olinda.
Confira a programação:
13 de novembro (quinta-feira), às 10h
Escola de Referencia em Ensino Fundamental e Médio Tabajara — Erefem Tabajara
Avenida Tabajara, 149 – Tabajara, Olinda
15 de novembro (sábado), às 17h
Centro Cultural Periférico Aurora Canindé
Rua João José Tertuliano, 305 – Fragoso, Olinda
19 de novembro (quarta-feira), às 9h e às 15h
Escola Municipal Santa Tereza
Rua Duarte Coelho, 319 – Santa Tereza, Olinda
28 de novembro (sexta-feira), às 19h
Casa de Jurema Encanto das Águas
Avenida Flores do Campo, 21 – Fragoso, Olinda
29 de novembro (sábado), às 16h
Ilè Àsé Ògúnrínuwòlá
Rua Seis, 170 – 5ª Etapa Rio Doce, Olinda
Serviço
Espetáculo “Igbá Itan: entre escolas e terreiros”
Data: de 13 a 29 de novembro (consultar programação)
Duração: cerca de 10 minutos por sessão
Classificação indicativa: Livre
Gratuito
Foto: Iandara Franco
