A falta de informações sobre boas práticas obstétricas no pré-natal ainda é um desafio significativo no Brasil. Um estudo do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Fiocruz Pernambuco apontou que muitas gestantes desconhecem seus direitos, opções de assistência ao parto e medidas para garantir uma experiência mais segura e respeitosa. A lacuna informativa contribui para a perpetuação de práticas de violência obstétrica e interfere diretamente na autonomia das mulheres durante o nascimento de seus filhos.
A pesquisa, intitulada “Direito à informação sobre boas práticas obstétricas: o papel do pré-natal na preparação para o parto”, foi realizada por Maisa Oliveira sob orientação da pesquisadora Camila Pimentel. O estudo revelou que muitas gestantes enfrentam dificuldades para acessar informações sobre o parto humanizado e a escolha da maternidade, o que pode impactar negativamente a experiência do parto.
Para a doula Rizia Lindolfo, essa ausência de orientação adequada gera insegurança nas mulheres. “É muito comum encontrar gestantes que chegam ao parto sem saber o que esperar. A falta de informação aumenta a ansiedade e pode fazer com que a mulher aceite procedimentos desnecessários sem compreender suas consequências”, explica.
Embora a Rede Cegonha, política nacional criada para garantir o parto humanizado, tenha sido implementada em Olinda, a cidade enfrenta desafios estruturais. O fechamento da maternidade pública local em 2014 deixou as gestantes dependentes de uma única unidade conveniada ao SUS, o que frequentemente resulta em superlotação e atendimento precário.
Nesse cenário, o acompanhamento de uma doula pode ser um fator determinante para garantir mais segurança e bem-estar à mulher. “Nosso papel é trazer acolhimento e fornecer informações para que a gestante tenha consciência sobre suas escolhas. Não tomamos decisões por elas, mas ajudamos a construir um plano de parto e a garantir que suas vontades sejam respeitadas”, destaca Rizia.
A pesquisa da Fiocruz sugere a implementação do plano de parto como ferramenta essencial para fortalecer a autonomia das gestantes. Esse documento permite que a mulher registre suas preferências para o parto, como o tipo de assistência desejada, procedimentos a serem evitados e a presença de um acompanhante. “Quando a gestante tem um plano de parto bem definido, ela chega mais preparada e tem mais segurança para reivindicar seus direitos. Isso faz toda a diferença na experiência do nascimento”, reforça Rizia Lindolfo.
Além de recomendar a criação de indicadores para monitorar a aplicação de boas práticas obstétricas, o estudo reforça a importância da participação ativa da mulher no processo de decisão. Enquanto mudanças estruturais não são implementadas no sistema de saúde, doulas seguem desempenhando um papel fundamental na busca por um parto mais respeitoso e informado. “Empoderar mulheres por meio da informação é um caminho essencial para transformar a realidade obstétrica no Brasil”, conclui Rizia.
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Doula Rizia Lindolfo
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