A Garrido Galeria inaugurou, nessa quinta-feira (31), em evento aberto ao público, a exposição ‘Cães devoradores‘, primeira individual de Bisoro, artista natural de Céu Azul, comunidade de Camaragibe (PE). Com curadoria de Ariana Nuala e Guilherme Moraes, a mostra apresenta 12 obras que elaboram a investigação do artista em torno das simbologias de autoproteção e manifestação de afeto em contextos de marginalização. Cenas de resguardo, transformação ou embate, permeadas pela lógica narrativa e visual do mangá.
Valendo-se de um caráter autobiográfico, seja a partir de vivências, referenciais nostálgicos ou sentimentos latentes, suas pinturas atualmente tomam forma a partir de densas massas de cores em tons negros e pastéis, entrelaçadas com figuras disformes, etéreas e espalhadas pelas suas criações, que trazem a influência da movimentação do próprio corpo enquanto pinta.
“Sua produção em pintura serve como autoafirmação de alguém que performa, dança, se estica e se contrai enquanto preenche lonas de algodão com tinta, carvão, bastão a óleo e lápis de cor. Conforme colore o tecido, Bisoro rememora seus afetos enquanto pigmentos se misturam e se chocam, criando um contraste dramático entre áreas de luz e sombra. Ora mais, ora menos etérea, sua produção pode parecer abstrata a um primeiro olhar. Contudo, ao passo que se convive com estas imagens, é possível entender como as formas se comportam neste universo de leis próprias. Paulatinamente, vê-se olhos pálidos, dentes largos, braços e pernas vultosos, dedos ondulantes, asas esquálidas, extremidades pontiagudas”, compartilha o curador Guilherme Moraes.
Os horários de visitação são de segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 14h. Entrada gratuita.
SOBRE O ARTISTA
Bisoro | Camaragibe (PE) | 1999
Bisoro propõe o mapeamento e a documentação de práticas ligadas à autoproteção e à expressão de afeto de um corpo localizado nas bordas da cidade. Nascido no bairro de Céu Azul, periferia de Camaragibe (PE), desenvolve seu trabalho principalmente através da pintura, a fim de criar símbolos de força e autoafirmação, e da costura, na qual projeta armaduras que protegem o corpo vulnerabilizado. Aos 15 anos, iniciou sua produção através de quadrinhos impressos, depois enveredando para a arte urbana.
De 2019 em diante, tem proposto interações de densas massas de cor em tons pastéis com sugestões de figuras disformes, etéreas e espalhadas na imagem, resultados da dança proposta pelo corpo do artista no espaço. A radicalidade de suas pinturas se apresenta por meio de um exercício constante de abertura e vulnerabilidade, estas também indicadas pelo caráter confessional de seus títulos.
Foi artista participante da revista Propágulo Nº 6, bem como consta nas revistas Propágulo Nº 8.1 e 8.2, que mapeiam a exposição A beleza da lagoa é sempre alguém (PE, 2022). Foi selecionado na segunda edição do programa Contra-Flecha, integrando a exposição coletiva Gestos de amor, práticas de sedução, na Galeria Almeida & Dale (SP, 2024).
SOBRE OS CURADORES
Ariana Nuala | Recife (PE) | 1993
Graduada em Licenciatura em Artes Visuais pela UFPE e mestranda no Programa Associado de pós-graduação em Artes Visuais UFPB/UFPE na linha de História da Arte. É sócia da ABCA – Associação Brasileira de Críticos de Arte, curadora-adjunta no 38º Panorama da Arte Brasileira no MAM São Paulo e curadora no Museu Afro Brasil Emanoel Araújo. Tem formação no programa acadêmico de Campus expandido Museos/Anto-Museos na UNAM (2019), e recebeu diploma de ensino superior em Estudos Latinoamericanos e Caribenhos pela CLACSO (2021).
Foi gerente de educação e pesquisa na Oficina Francisco Brennand (2020 –2024), além de coordenadora de Educação do Museu Murillo La Greca (2018–2020). É articuladora no CARNI – Coletivo de Arte Negra e Indígena, e também é atuante no Nacional TROVOA. Foi conselheira editorial das edições 5, 6 e 7 da revista Propágulo, além de ter sido co-curadora e redatora da edição 4. Das curadorias desenvolvidas, destacam-se Invenção dos reinos, com co-curadoria de Marcelo Campos (Oficina Francisco Brennand, 2023), As janelas de Bajado e Samico: festa para o caçador (Galeria Marco Zero, 2023), Arqueia mas não quebra, com co-curadoria de Germano Dushá e Rafael RG (Galeria Almeida & Dale, 2023).
Guilherme Moraes | Recife (PE) | 1998
Guilherme Moraes é mestre em Artes Visuais pelo Programa Associado de pós-graduação em Artes Visuais UFPB/UFPE, e membro da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP). É curador, educador e editor da Propágulo, espaço autônomo de pesquisa, difusão e criação em arte localizado no Recife (PE). Pesquisa processos de criação em artes visuais, a curadoria enquanto práxis educativa e o curatorial enquanto metodologia de aprendizado.
SERVIÇO
INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL CÃES DEVORADORES
Artista: Bisoro
Curadoria: Ariana Nuala e Guilherme Moraes
Local: Garrido Galeria (Rua Samuel de Farias, 245, Casa Forte, Recife/PE)
Visitação: De segunda a sexta, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 14h. Entrada gratuita.
Contato: [email protected] | (81) 99573-4867