A tarde desse sábado (10) no País das Brincadeiras não foi diferente: não faltaram atividades nem apresentações para entreter quem quer que passasse pela Praça da Criança, no bairro de Nossa Senhora das Dores, em Caruaru. Os truques de mágica do artista Hugo Henrik, os contos do grupo Tapete Voador e as histórias do Mamulengo Água de Cacimba permitiram que crianças de diversas idades conhecessem um pouco da criatividade de cada cultura.
Mariana Sioli, de 37 anos, artista mamulengueira que participa do Água de Cacimba, afirmou que, em sua infância, sempre cresceu cercada por uma família que se dedicava à arte com bonecos: o pai era mamulengueiro, e a mãe produzia bonecas artesanais. “Mas eu nunca pensei que seria mamulengueira”, contrapôs Mariana.
Essa foi uma tradição familiar que ela decidiu seguir quando seu pai, o mamulengueiro piauiense Afonso Miguel Aguiar, faleceu em 2019. Mesmo crescendo em um meio totalmente voltado para a confecção dos bonecos, Mariana só se descobriu enquanto produtora da arte do Mamulengo depois de adulta, quando participou de um festival na terra natal de seu pai que homenageava a trajetória do mestre.
Mariana destacou que a base das histórias e contos de Afonso era uma mistura do Babau, teatro de bonecos característico da Paraíba, e do mamulengo piauiense. Ela carrega essa combinação de tradições quando se apresenta em todos os lugares por onde passa, adicionando o tempero do mamulengo olindense em suas apresentações.
A itinerância é uma das bases do grupo de Mariana. Ir para locais onde os pequenos não conhecem a arte do mamulengo é algo comum em sua rotina de apresentações. A cada local que passa, é mais um tempero adicionado em seus enredos de contos, causos e histórias.
“A gente viu a presença de muitos mamulengueiros, de mestres antigos e da gente que é da nova geração. E esse encontro de gerações é muito importante para o brinquedo, porque ele é um brinquedo vivo, que está se desenvolvendo. É essa poesia de aprender com os mestres que são a nossa preciosidade dentro da tradição, mas também valorizando a criança, que pode ser uma futura mamulengueira”, comentou Mariana.