Clima de mercado público, com comes e bebes gostosos e música boa: assim foi a estreia do Polo País das Matrizes do Forró, na etapa de Caruaru do Festival Pernambuco Meu País. O evento, que aconteceu no Mercado Cultural Casa Rosa, na tarde deste sábado (10), teve nesta primeira programação no município ares de tradição, renovação e nostalgia – e a garantia de continuidade por pelo menos mais uma geração. Por lá apresentaram-se os filhos da terra Marcos do Pífano e Elias Júnior e o xaxado do grupo Raízes do Amanhã, da cidade de Pedra, também agrestina.
Pode parecer incrível, mas foi o debute de Marcos do Pífano, 62 anos, 53 de carreira. O instrumentista passou as últimas quatro décadas acompanhando outros músicos, em especial João do Pife e a Banda de Pífanos de Barra de Carapotós, e apenas agora conseguiu fazer seu primeiro show autoral. “É um repertório que tenho há 40 anos, mas não tinha tido a oportunidade de mostrar”, disse.
No palco, a tradição de mais de meio século dedicado a soprar no canudinho Marcos divide com seu terno de pifes formado principalmente por garotos, seus alunos. Com eles, Marcos tocou temas como Marcha da Conceição, À Procura de um Aluno, 8 Black, Serra das Russas, Foi Lá na Fazenda, Serra da Guia, Valsa ao Anoitecer. Fez ainda A Briga do Cachorro com a Onça (Sebastião Biano) e Pipoca Moderna (também de Biano, com Caetano Veloso).
Logo em seguida, em meio à plateia, oito integrantes Raízes do Amanhã fizeram uma performance evocando a tradição do xaxado. Cerca de 90% são alunos e alunas da Escola de Referência em Ensino Médio Professor Brasiliano Donino da Costa Lima que fazem parte da Associação Cultural homônima. A Raízes do Amanhã movimento aproximadamente 500 membros que mantêm vivas, além do xaxado, expressões culturais como frevo, pastoril, quadrilha e até A Paixão de Cristo.
E coube ao veterano Elifas Júnior fechar a tarde no País das Matrizes do Forró. À primeira impresão, o cantor e guitarrista parece não surpreender com seu forró pop, que dá a impressão de estar para o tradicional assim como a música baiana está para o frevo. Porém, Elifas sabe mexer com a memória afetiva de seu público resgatando um repertório um pouco esquecido do gênero. Além de temas próprios fez canções como Frevo Mulher (Zé Ramalho); Periga Ser (Robertinho de Recife & Fausto Nilo), sucesso de Amelinha; e Fogueirinha (Assisão) colocando todo mundo para dançar no salão.
Fotos: Felipe Bessa/Secult-PE/Fundarpe