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Panela do Jazz terá dez horas de programação gratuita com Quinteto Violado, Gilú Amaral, Laís de Assis e palhaçaria

Panela do Jazz terá dez horas de programação gratuita com Quinteto Violado, Gilú Amaral, Laís de Assis e palhaçaria

  • Diversão

A experiência exalada pelas mais de cinco décadas musicais do Quinteto Violado se junta ao frescor da nova geração de artistas do improviso para compor a programação do Panela do Jazz, um dos principais festivais do gênero no Nordeste. O evento retorna em 2024 após um hiato sabático no Recife, no ano passado, robustecido por uma grade repleta de atrações prestigiadas na região e nos palcos Brasil afora e mantém a mescla de linguagens artísticas para fazer das ruas do bairro do Poço da Panela – berço e casa desde a origem – a passarela festiva de todas as artes, pessoas e formas de afeto cultural pela cidade. A edição de retorno está marcada para o dia 19 de outubro e prevê mais de dez horas de atividades visuais, cênicas, musicais e de empreendedorismo com acesso inteiramente gratuito para públicos de todas as idades. 

A primeira atração a subir ao palco é Neris Rodrigues e o Trombonando, às 17h. A grade segue com a apresentação de Laís de Assis Trio (às 18h30), Duo Repercuti (com o show Duo Repercuti Convida Tambores da Xambá, às 20h), Gilú Amaral (às 21h30) e encerra com o show do Quinteto Violado Instrumental (às 23h) – apresentação ocorre em plena véspera de aniversário de 53 anos do grupo, um dos mais longevos do estado e do Brasil, e ganha contornos de comemoração. As performances musicais serão seguidas, nos intervalos, pelo som comandado pelo DJ Ari Falcão, com execução de clássicos do jazz através de discos em vinil.

A retomada em 2024 renova, também, a proposta urbana do Panela do Jazz de fazer da ocupação das ruas da cidade um momento de reflexão sobre o uso democrático do espaço público e da integração harmônica com o meio ambiente e o fomento econômico da região onde o evento é realizado. O festival contrata mão-de-obra local e providencia estrutura para comércio de moradores e empresas sediadas no bairro – com oferta de gastronomia, artesanato e de outras linguagens para dinamizar o acesso à arte e ao desenvolvimento de forma sustentável e integrado.

Além do cinquentenário grupo Quinteto Violado, a personalidade homenageada deste ano é Capiba, gênio do frevo e referência para todas as gerações de músicos pernambucanos – e até brasileiros – pelo legado musical pontuado pelo domínio do improviso e pela aura contagiante das composições revisitadas, sobretudo, durante os carnavais. O músico, pianista e compositor pernambucano Lourenço de Fonseca Barbosa, da agrestina Surubim, nasceu há exatos 120 anos e legou à cultura do estado pérolas como “Madeira que cupim não rói” (1963), “Oh, bela” (1970) e “De chapéu de sol aberto” (1972), entre outras.

A exaltação do frevo no tributo ao mestre escorre para as masterclasses promovidas pelo Panela do Jazz entre os dias 15 e 16 de outubro, na semana do evento, no Paço do Frevo (Bairro do Recife). Serão duas, das 14h às 17h: “Do Choro ao Frevo” (harmonia funcional), na terça-feira, e “A Improvisação em Arranjos de Frevo”, na quarta-feira. A primeira aula é conduzida pelo compositor, arranjador, professor e diretor musical Marcos César e a outra pelo baixista, compositor, arranjador, diretor musical e pesquisador Marcos FM. Ambas se destinam ao público em geral – com prioridade para estudantes da rede pública de ensino – e se propõem a estimular o conhecimento e a formação sobre a cultura local (principalmente entre as parcelas jovens da população).

A programação do dia do festival começa com o lançamento e a abertura da feira Olegarinha de Artes da Mulher (às 14h), voltada à economia criativa e ao empreendedorismo feminino e sob curadoria da designer e chef Cecília Montenegro. O espaço presta homenagem à abolicionista e ícone da luta pela emancipação feminina Olegária Carneiro da Cunha, conhecida como Mãe do Povo por organizar bazares e outras atividades para arrecadar fundos e custear cartas de alforrias de escravizados na região. As inscrições para participar podem ser feitas pelo link na bio do Panela do Jazz no Instagram (@paneladojazz).

A exposição “Momento, concebida e montada pela fotógrafa francesa radicada no Recife Dominique Berthé e pelo artista plástico Imaraí Freitas, é uma das opções acessíveis ao público do festival – a mostra na casa-atelier dela (Rua Álvaro Macêdo, 70) ficará aberta entre as 16h e 20h do sábado. As obras versam sobre trajetória, criações, expressões e linguagens da artista.

O festival recria o encantamento bem-humorado dos artistas circenses de edições anteriores com uma tripla apresentação a partir das 16h30, para crianças e adultos. A Palhaça Vareta exibe o espetáculo “Desentupirada”, com situações cômicas e inusitadas vivenciadas pela palhaça tomada por uma dor de barriga pouco antes de iniciar um show – tem contorcionismo, malabarismo, equilibrismo e música. Às 17h30, é a vez do Palhaço Gambiarra fazer a performance de “Um curto-circuito de risos”, um passeio pela contação de histórias e pelos brinquedos populares a partir de vários números. As apresentações circenses são encerradas com o espetáculo “Meu Circo”, da companhia Meu Circo, com previsão de início às 18h30.

O fim de tarde será marcado pela exibição do Projazzções, incursão artística com a ideia de combinar harmonicamente imagens e músicas através da projeção de fotografias em sintonia com clássicos do jazz nacional e internacional. A proposta do fotógrafo Anderson Steves e do DJ Ernesto Jr. é evidenciar o diálogo e a sinergia criada pela combinação de vertentes artísticas de apreciação sensorial diferente – visual e auditiva.

“O Panela do Jazz tem uma preocupação permanente com a valorização da cultura brasileira e da cena instrumental, através do jazz e da ponte com outras musicalidades nacionais e estrangeiras. É um evento para cultivar a relação com as múltiplas linguagens da arte e instigar a ocupação da rua, da cidade pela população”, resume o idealizador e diretor-geral do evento, o produtor cultural Antonio Pinhêiro.

A quinta edição do Panela do Jazz tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal. Conta com o apoio do Governo do Estado de Pernambuco, através da Fundarpe e da Secretaria de Cultura de Pernambuco. O evento realizou a primeira edição no ano de 2018, realizou uma versão inteiramente virtual durante a pandemia da covid-19 e já chegou à cidade de Triunfo, no Sertão do Estado, com performances musicais, atividades formativas e ações de valorização dos músicos da região.

OS SHOWS

A homenagem ao mestre Capiba atravessa as apresentações do Panela em 2024, com influência dos improvisos do frevo e do jazz a cada performance sobre o palco.

Neris Rodrigues e o Trombonando – O show “Música do mundo” esmiúça a trajetória do jazz no Brasil e se debruça sobre as fusões com frevo, coco, agueré, funk, música ancestral árabe e percussão afrodescendente. Apresentação mescla sons em percurso pela ideia de brasilidade e prepara número especial à base de frevo em tributo a Capiba.

Lais de Assis Trio – A pernambucana é violeira, arranjadora, pesquisadora e arte-educadora, criou uma linguagem própria à frente do instrumento de corda e usa como inspiração o universo sonoro nordestino e as ancestralidades. O show com o trio tem o acompanhamento da tuba de Alex Santana e da percussão de Nino Alves, com improviso inspirado na sonoridade regional.

Duo Repercuti  – Show “Duo Repercuti Convida os Tambores da Xambá” faz uma celebração da música afro-pernambucana e brasileira, com a proposta de uma experiência musical inédita a partir de arranjos específicos das composições do primeiro álbum. Espetáculo se define como símbolo de resistência e identidade cultural.

Gilú Amaral – Com o álbum recém-lançado “O Sopro e a Percussão”, o habilidoso percussionista pernambucano exalta a força sonora dos metais na música pernambucana e a conexão com ritmos e gêneros no cenário internacional. Apresentação atravessa o regional com improvisações típicas do jazz sob influência de Moacir Santos, Hermeto Pascoal e Naná Vasconcelos.

Quinteto Violado  – Grupo icônico da música nordestina e brasileira, com 52 anos de vida, o Quinteto faz da música regional e do trabalho de pesquisa o material de trabalho das apresentações. A sonoridade própria estabelece conexões com a musicalidade universal e celebra o cosmopolitismo da arte, com absorção da contemporaneidade e improvisações jazzísticas – do popular ao erudito. A apresentação no Panela do Jazz enfatiza a faceta instrumental do grupo.

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