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Pesquisa inédita revela dados sobre a violência política contra mulheres negras no Nordeste

Pesquisa inédita revela dados sobre a violência política contra mulheres negras no Nordeste

A Campanha “Cadê o Dinheiro da Candidata Negra?”, promovida pelo Observatório Feminista do Nordeste, traz à tona um cenário alarmante de desigualdade na distribuição de recursos eleitorais para mulheres negras. A pesquisa, que entrevistou candidatas de Recife (PE), Salvador (BA) e São Luís (MA) durante o período eleitoral, é apresentada nesta quarta-feira (13), às 19h, no Terra Café Bar, localizado na área central da capital pernambucana.

Durante o evento de lançamento, uma roda de conversa aberta ao público reúne mulheres negras que participaram das últimas eleições, representantes de movimentos sociais e ativistas de causas raciais e de gênero. O sumário executivo da pesquisa, com informações detalhadas sobre o processo de levantamento, também será disponibilizado para o público presente. A Campanha “Cadê o Dinheiro da Candidata Negra?” é realizada com o apoio do Fundo Social de Investimento ELAS.

Em Recife, onde 60,8% da população se autodeclara negra, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o levantamento destaca 149 candidaturas de mulheres à Câmara Municipal, das quais 93 se identificaram como pretas ou pardas. Apesar desse número expressivo, apenas uma mulher negra foi eleita, com 7,5 mil votos. Em Salvador e São Luís, onde as populações negras representam 83,2% e 73,5%, respectivamente, os resultados ainda estão longe de refletir qualquer igualdade racial e de gênero.

Além de entrevistar candidatas nas três cidades, a pesquisa analisou dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e questionou os partidos sobre os critérios para a distribuição de verbas. Os resultados revelaram que, em alguns casos, candidaturas masculinas receberam até 80% dos recursos do Fundo Especial (FE). “Esse cenário representa uma violência econômica explícita contra essas mulheres”, afirma Marília Gomes, cofundadora do Observatório e coordenadora do estudo.

A violência política econômica, como explica Marília, ocorre quando as candidatas são sistematicamente privadas dos recursos do Fundo Eleitoral, enfrentando barreiras que comprometem ou inviabilizam suas campanhas. “A falta de recursos financeiros impede que elas tenham as mesmas oportunidades que outros candidatos, perpetuando um sistema político excludente. Onde está o compromisso com a democracia?”, questiona. A Campanha “Cadê o Dinheiro da Candidata Negra?” fornece um retrato de como a violência patrimonial contra essas candidatas é tão prejudicial quanto outros tipos de agressão e não pode ser ignorada.

A Campanha “Cadê o Dinheiro da Candidata Negra?” é fruto das narrativas compartilhadas por mulheres negras, cujas experiências políticas são frequentemente marcadas pela Violência Política de Raça e Gênero. Embora 2024 seja o primeiro pleito após a aprovação da Lei 14.192/21, que alterou o Código Eleitoral para criminalizar esse tipo de violência, candidatas negras continuam relatando um ambiente político hostil e desigual.

Os resultados da Campanha também serão disponibilizados no perfil do Instagram do Observatório Feminista do Nordeste (@obsfeministamordeste) e no site Mais Negras na Política (https://maisnegrasnapolitica.org/), uma plataforma colaborativa dedicada ao enfrentamento da violência política de raça e gênero.

Serviço:
Lançamento dos dados da Campanha “Cadê o Dinheiro da Candidata Negra?”
Quando: quarta-feira (13)
Onde: Terra Café – Rua Bispo Cardoso Ayres, 467 – Boa Vista, Recife – PE, 50050-235
Gratuito

Foto: © Freepik

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