O Hospital Regional do Agreste (HRA), por meio da Gerência de Resíduos (GRSS) e da Central de Materiais e Esterilização (CME), vem trabalhando para identificar os resíduos que podem ser reutilizados na unidade hospitalar.
Pensando nisso, foi implantado o Projeto “Mantas Amigas”, que reutiliza as sobras de SMS (Spunbond Meltblown Spunbond) – um tri-tecido laminado que permite uma maior filtragem de perfis bacteriológicos – usadas para embalar as caixas de instrumentos cirúrgicos no CME.
“As sobras de SMS são levadas para a Penitenciária Juiz Plácido de Souza (PJPS), aqui, em Caruaru, onde os detentos confeccionam as ecobags, que servem de brindes nos eventos realizados pelo HRA, e bolsas para transporte de lençóis para pacientes, substituindo as sacolas plásticas usadas na rouparia”, explica uma das coordenadoras do projeto, Veruschka Andrade.
Para Walkyria Bezerra, que também coordena o “Mantas Amigas”, a parceria é importante pelo impacto social e econômico que causa. “Essa parceria com a PJPS incentiva a ressocialização dos presos, além de ser boa economicamente, porque reutilizamos um material que seria jogado fora, e gerar um impacto positivo no meio ambiente, visto que deixaremos de utilizar sacos plásticos para transportar o enxoval dos pacientes”, pontua Walkyria.
Na malharia da PJPS, recém-inaugurada, os detentos recebem o material enviado pelo HRA e cortam, costuram e fazem o acabamento das peças. São bolsas de vários tamanhos, além de capotes e jalecos que são utilizados no consultório odontológico da penitenciária.
Cerca de 50 homens trabalham no local que vai produzir todo o fardamento da população carcerária do estado até junho de 2025. “Boa parte deles já teve alguma vivência na área têxtil, mas vamos aprimorar essa experiência e dar oportunidade aos que têm interesse com um curso de capacitação em parceria com o Senac. Com isso, teremos a maior produção de fardamentos em Pernambuco”, destaca Romero Timóteo, diretor da PJPS desde janeiro de 2023.
Para Frank Lima, diretor-geral do HRA, o projeto Mantas Amigas, que pode se tornar uma referência no estado, atende a um conceito muito atual em todo o mundo: ESG, que é a sigla em inglês para environmental, social and governance, que significa “ambiental, social e governança”.
“O ESG é um conceito que se refere a práticas adotadas para minimizar o impacto no meio ambiente, construir um mundo mais justo e manter os melhores processos de administração. Que o “Mantas Amigas” sirva de referência para outros órgãos para que a gente avance ainda mais no social e na sustentabilidade”, ressalta Frank.
Trabalho e qualificação na PJPS
Atualmente, as pessoas privadas de liberdade que vivem na PJPS têm acesso a estudo, qualificação e emprego. Eles se revezam nas áreas de eletricidade, serralharia, cozinha, marcenaria, costura, serviços gerais, entre outras. Segundo o diretor, a laborterapia é uma importante técnica de reeducação por meio da valorização do trabalho, pois diminui a ociosidade e abre novas perspectivas na vida do indivíduo.
“Nós fizemos um trabalho de acompanhamento, durante seis meses, em 2020, com reeducandos que tinham oportunidade de trabalho e de qualificação. O número de reincidência reduziu drasticamente. É uma sequência de fatores que vão desencadear essa redução, que é o que interessa para todos nós, para a sociedade. Quanto maior a possibilidade de ele sair do sistema com a capacidade de ele se inserir no mercado de trabalho, de seguir como cidadão, mais benefícios acarreta”, aponta Romero.
Além das áreas de trabalho, são oferecidas seis oficinas: capoeira, pífano, cordel, pintura, teatro e música, que, além de tirá-los da ociosidade, acaba revelando talentos até então desconhecidos.