Recife, conhecida como berço do manguebeat e um dos polos mais vivos da cultura hip hop no Nordeste, tem no breaking uma parte importante da sua história. Chico Science, antes de revolucionar a música brasileira, também dançava. Agora, pela primeira vez, a capital pernambucana recebe a eliminatória do maior campeonato de breaking do país e entra oficialmente no circuito nacional do Breaking do Verão 2026. A Cypher Recife acontece neste domingo (23), no térreo do Centro Cultural Cais do Sertão, e vai selecionar um b-boy e uma b-girl para a etapa decisiva rumo ao Mundial no Rio de Janeiro.
O credenciamento e as inscrições abrem às 10h, com início das batalhas ao meio-dia. A participação é gratuita, exclusiva para maiores de 18 anos, com inscrição realizada na hora mediante apresentação de documento original com foto.
Realizado pela agência Fábrica, o BDV Cypher Recife é apresentado pela Petrobras e Governo Federal, com patrocínio Máster de Cheetos®️.
Segundo o idealizador do Breaking do Verão, Fernando Bó, o objetivo do projeto é democratizar e ampliar a visibilidade da dança desportiva. “O Breaking do Verão nasceu para fortalecer a cena brasileira e mostrar que o talento das nossas ruas têm nível mundial. Trazer uma cypher para Recife é reconhecer a potência cultural do Nordeste e abrir caminho para que mais b-boys e b-girls cheguem ao topo. Em 2026, teremos um formato ainda mais grandioso, com novas modalidades e uma final histórica”, destaca.
Também idealizador do festival e jurado da etapa, o b-boy Pelezinho, um dos nomes mais importantes do breaking mundial, também celebra o avanço da cena. “Quando comecei, há quase 30 anos, tudo era muito precário. Mesmo assim, foi amor imediato. O breaking transformou minha vida, me levou a viajar o mundo, construir uma carreira e viver coisas que eu jamais imaginei. Ver o Breaking do Verão crescer, ganhar dimensão internacional e abrir oportunidades reais para a nova geração é muito especial. Hoje temos eventos, patrocínio e formação que antes não existiam. E isso muda tudo para quem está chegando.”, afirma.
BREAKING – O breaking é uma dança que nasceu nos anos 1970, no Bronx, em Nova Iorque e se tornou um dos elementos da cultura hip hop. Mistura movimentos acrobáticos, giros, explosão de energia, ritmo e improviso – sempre em batalha. Quem dança breaking é chamado de b-boy (no caso dos homens) ou b-girl (no caso das mulheres). Cada competidor cria sua própria identidade com passos, técnicas e personalidade na pista, disputando rounds que combinam força, musicalidade e criatividade. A modalidade se profissionalizou e, em 2024, estreou nos Jogos Olímpicos de Paris.
No Recife, a cultura hip hop tem mais de três décadas de trajetória e evoluiu dos encontros espontâneos dos anos 1980, onde Chico Science, ainda b-boy, participava das festas que mais tarde influenciaram sua música, para se tornar um movimento organizado e influente. A partir dos anos 1990, grupos de rap, breakers e grafiteiros passaram a ocupar espaços da cidade e formar associações que fortaleceram a cena. Nos anos 2000, o movimento ganhou visibilidade, profissionalização e aproximação com políticas públicas, com ações como o Polo Hip Hop, o Aurora do Lazer e o Esporte do Mangue. Hoje, Recife reúne todos os elementos da cultura – MCs, DJs, b-boys, b-girls, rappers e grafiteiros – e segue em expansão, articulado para conquistar mais investimentos e ampliar sua atuação nas periferias.
ELIMINATÓRIAS – Além de Recife, as cyphers acontecem em Salinópolis (PA), Porto Alegre (RS) e Brasília (DF). Os breakers vencedores de cada etapa recebem prêmio de R$ 1 mil e vaga garantida na Prova de Fogo, novidade da edição 2026, com direito a passagens aéreas, hospedagem e alimentação. Lá, disputarão com os 12 melhores da Cypher Rio. Os três b-boys e três b-girls que mais se destacarem na Prova de Fogo se juntam aos 13 convidados para a disputa mundial do Breaking do Verão 2026, nos dias 24 e 25 de janeiro, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro. Os campeões de cada categoria (feminino e masculino) receberão um prêmio de R$ 20 mil.
Criado em 2022, o Breaking do Verão nasceu com o propósito de democratizar e dar visibilidade à dança desportiva, que estreou como modalidade olímpica em Paris 2024, e se consolidou como a única competição de breaking transmitida ao vivo em TV aberta no Brasil. Em 2026, o festival completa cinco anos com novidades, como a ampliação das cyphers e a estreia da modalidade 5×5, com batalhas de crew em formato inédito.
PROGRAMAÇÃO CYPHER RECIFE – A condução e a energia das batalhas ficam por conta do mestre de cerimônias Okado do Canal, rapper, b-boy, arte-educador e figura marcante do hip hop recifense. Nas pick-ups estão dois nomes que representam a força do Nordeste: DJ Insano, de Salvador e integrante da Soul da Favela, e DJ Tigger, de Fortaleza e da Fortal Elements, que garantem trilhas surpresa capazes de desafiar a criatividade e o improviso dos competidores, como manda a tradição da cultura.
O júri reúne três referências do breaking nacional. Pelezinho, um dos b-boys mais respeitados do mundo e responsável por projetar o Brasil no cenário mundial do breaking por mais de duas décadas. Ao lado dele, Migaz, integrante do tradicional grupo DF Zulu Breakers e árbitro licenciado pela World Dance Sport Federation (WDSF), entidade que regulamenta o esporte globalmente. Completa o time B-boy Star, de Jaboatão dos Guararapes, representante da Soul da Favela e Amazon Bboys, reconhecido pelo trabalho na formação de jovens talentos da região.
SERVIÇO
Breaking do Verão 2026 – Cypher Recife
Data: Neste domingo, 23 de novembro, a partir das 10h
Local: Centro Cultural Cais do Sertão – Armazém 10, Av. Alfredo Lisboa, s/n – Recife, PE
Inscrições: Gratuitas para maiores de 18 anos, mediante documento original com foto Instagram: @breakingdoverao
Site: breakingdoverao.com.br