Dormir de 7 a 8 horas por dia é o indicado, segundo especialistas, mas mais que o tempo, a qualidade do sono é fundamental para que o organismo exerça as principais funções restauradoras do corpo. De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios relacionados ao sono, entre eles, a insônia. Mas o que fazer para garantir o tempo e a qualidade necessários para uma vida saudável?
De acordo com o médico otorrinolaringologista e especialista em Medicina do Sono, Dr. Cleydson Lucena, do Instituto Rezende de Oliveira (IRO-PE), os cuidados são diversos, mas fundamentais para a qualidade de vida das pessoas. “Muita gente ainda negligencia a qualidade do sono por não entender o quanto isso interfere no seu dia a dia. Reclamações do tipo ‘vivo morto de cansado’ muitas vezes não são associadas à pessoa pelas noites mal dormidas. É preciso prestar atenção e perceber se o sono está sendo reparador, como deve ser”, explica o médico.
A privação de sono de qualidade pode acarretar alterações significativas na saúde física e mental. Dificuldades na concentração, na memória e na atenção, transtornos de humor e ansiedade podem estar associados ao quadro de insônia, aponta Cleydson. Outro ponto importante destacado pelo especialista é a apneia do sono. “O ronco é um grande indicador de que algo está errado com o seu sono. Mais que incomodar o seu parceiro ou parceira de quarto com a sonoridade, o ronco pode estar associado à Apneia do Sono. O problema pode ocorrer a paralisação temporária da respiração, levando a uma queda da oxigenação do sangue. Em resposta a essa queda, o próprio organismo, no seu mecanismo de defesa, faz uma superficialização do sono e, até mesmo, em alguns casos, pode acordar o paciente. A duração e o número de repetições desses episódios durante a noite, interfere diretamente na eficácia do sono, sendo um dos fatores determinantes se o sono será reparador ou não, mesmo dormindo suas 6, 7 ou 8 horas”, alerta.
Ainda de acordo com o otorrinolaringologista, perder peso, tratar a doença do refluxo gastroesofágico e as rinossinusites, parar de fumar e adotar hábitos de vida mais saudáveis, como não ingerir bebidas alcoólicas ou fazer refeições pesadas próximo ao horário de dormir, pode ajudar bastante em casos de apneia. “O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. O tratamento cirúrgico é decidido de acordo com as alterações anatômicas encontradas e com o local de obstrução da via aérea”, diz.
Como opções de tratamento clínico, para os casos mais brandos, como o ronco primário e a apneia leve, o aparelho intra-oral é uma excelente opção, explica Cleydson. “A pressão positiva contínua nas vias aéreas, conhecida como CPAP, é um dos principais tratamentos para pessoas com apneia obstrutiva do sono nos graus moderado e severo. O CPAP mantém as vias aéreas abertas durante o sono, através de uma máscara facial ou nasal conectada a um dispositivo que emite um fluxo contínuo de ar sob uma pressão levemente maior nas vias aéreas, evitando a obstrução das vias respiratórias e melhorando a qualidade do sono. Mas cada caso precisa ser avaliado para que o tratamento se adeque às necessidades”, finaliza.