A unidade de Cuidados Paliativos do Hospital Eduardo Campos da Pessoa Idosa (HECPI),
instituição ligada à Secretaria de Saúde do Recife, completou dois anos de funcionamento em agosto. Primeiro hospital 100% SUS do Norte e Nordeste voltado à população idosa, o perfil assistencial da unidade levou à criação do serviço, que se destaca pela humanização no atendimento.
“O serviço de cuidados paliativos do HEC surgiu a partir da observação de uma necessidade interna. A geriatria já mostra que existe uma parcela dos pacientes que não ganha em qualidade de vida quando submetida a procedimentos invasivos como uma cirurgia, um cateterismo ou uma intubação, por exemplo. Notamos que alguns dos nossos pacientes têm esse perfil e começamos a conduzi-los à paliação. Inicialmente, separamos duas enfermarias próprias com profissionais especializados em cuidados paliativos e, em agosto de 2022, foi inaugurada a unidade”, recorda o coordenador do serviço do HECPI, Silvio Cajueiro.
No total, são 8 leitos de Cuidados Paliativos distribuídos nas Enfermarias Proteger e Cuidar.
A equipe assistencial interdisciplinar é composta por médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, assistentes sociais, odontologista, enfermeiros, técnicos de enfermagem e farmacêuticos.
“Normalmente recebemos os pacientes geriátricos, não-oncológicos, com múltiplas comorbidades, sem perspectiva de cura, mas com necessidade de cuidados não invasivos para tratar complicações agudas no seu estado de saúde. Além da estrutura moderna e adaptada para a necessidade desse paciente idoso, o serviço também conta com equipes médica e multiprofissional especializadas em cuidados paliativos”, explica.
Para facilitar o contato dos familiares, amigos e cuidadores com o paciente, a Unidade de Cuidados Paliativos do HECPI flexibiliza o horário de visita, permitindo o acesso às instalações do hospital entre 8h e 20h30.
Graças à estrutura do hospital, a equipe consegue
realizar passeios terapêuticos que proporcionam
o contato do paciente com o ambiente externo,
permitindo momentos de alívio em meio ao
processo de hospitalização.
O tempo de internação depende de cada caso. No
entanto, o médico paliativista acrescenta que
cerca de 50% dos pacientes voltam para casa,
quebrando uma ideia estigmatizada do serviço.
“A imagem leiga que a maioria das pessoas tem é
de que o paciente em cuidados paliativos é
internado e, em seguida, morre. Mas cerca de
50% dos nossos pacientes voltam para casa. Por
exemplo, imagine um paciente que sofreu um
AVC e ficou em cuidados paliativos após perder a
capacidade de andar e falar, além de limitações para se alimentar, mas precisou ser internado devido a uma pneumonia. Aqui, na unidade de cuidados paliativos, ele trata a pneumonia e volta para casa curado da intercorrência, mas a paliação se mantém
devido às sequelas do AVC”, exemplifica Silvio Cajueiro.
ACOLHIMENTO PARA OS FAMILIARES
De acordo com o coordenador do serviço, os cuidados paliativos também se baseiam na atenção aos familiares e cuidadores. “Todo cuidado paliativo se baseia numa tríade que envolve o profissional de saúde, o paciente e necessariamente os familiares e cuidadores. A gente entende que esse processo de adoecimento, principalmente do paciente em finitude, também é vivenciado por aqueles que cuidam dele. Não conseguimos ofertar um cuidado paliativo de qualidade se não inserirmos no nosso cuidado uma atenção especial às famílias e aos cuidadores”, aponta o médico.
No HECPI, além do suporte psicológico, os familiares
também são envolvidos nas terapias funcionais
conduzidas pela fonoaudiologia, fisioterapia ou terapia ocupacional. “Garantimos tanto o acompanhamento emocional como uma pequena formação prática para ajudar no cuidado com esse idoso quando ele retornar para o lar”, completa o coordenador.
Foto: Divulgação/ ASCOM HECPI